20 de setembro de 2021

CRUCIFICATOR (Death Metal - Salvador/BA - Brasil)

Crucificator trilha sua bélica história deste o final os anos 80 sempre se mantendo fiel as suas convicções...

Recentemente lançaram o fudido ”Then Hatred Reborn at Dawn” via Voz da Morte Recs... Confiram o bate papo entre N. Ripper e Hategun (guitarras) nas linhas a seguir: 



TGZ - Salve Hategun. Acho que desde a demo “No Trono da Guerra” a banda mudou a temática para o War Metal, muitos preferem letras na linha de demos como “Diabolism” (por exemplo) outros (como eu) já se interessam por letras mais bélicas e realistas que retratam o caos do campo de batalha e a natureza predatória do ser humano. Mas, em que determinado momento você tomou essa decisão de abordar essa temática bélica? Ou foi algo que fluiu naturalmente, tipo uma evolução ou maturidade de compreensão dessa realidade grotesca que nos cerca?

Hategun - Salve grande Ripper! É uma grande satisfação esta aqui contigo!

Bem, isso foi um processo evolutivo com toda certeza, afinal são mais de 32 anos de underground, e em todo esse tempo o Crucificator sempre foi autêntico e verdadeiro.

TGZ - Por falar em War Metal, há quem diga que esse estilo surgiu com o Blasphemy, mas eu particularmente acho que foi o antigo Holocausto com o álbum “Campo de Extermínio” quem criou mesmo essa porra toda. Eu sei que bandas como VoiVod ou At War já falavam em guerra nas suas letras, mas o termo foi cunhado pelos mineiros. Os britânicos do BoltThrower e o Rebaellium lá do RS também optou por essa temática. Pra você qual a origem do War Metal?

Hategun - Realmente uma pergunta difícil! A guerra sempre foi abordada no Metal, aliás esse é um tema de férteis seguimentos dentro da música. O grandioso Holocausto acredito que tenha sido a divisão que mais se destacou no país. Não considero o Blasphemy War Metal, afinal de contas a referência do estilo está justamente nas letras que versam sobre guerras, batalhas e afins...


TGZ - ”Then Hatred Reborn at Dawn” é o segundo álbum da banda e consegue reproduzir em forma de música o que é proposto pela mesma. 

Gosto da mescla entre vocais rasgados e guturais, os riffs apocalípticos (incluindo alguns solos), sem falar na bateria esmagadora e o fogo de artilharia castigando em algumas passagens do som ficou muito foda!! “The Last Continence”, “Without Prisioners”, “Biochemistry Chemical War”, são alguns sons que eu destacaria aqui. 

Dessa vez vocês estão com o selo Voz da Morte Records, certo? Como esse álbum foi desenvolvido, desde seu esboço (composição, ensaios...) até acabamento final (produção e materialização)?

Hategun - Esse álbum foi um trabalho bem difícil pra todos da banda por conta dessa porra de pandemia, mas a princípio queríamos fazer algo mais sujo que o “SUNRISE...” (N.E.: álbum anterior “Sunrise in the Suicide Front"), algo q também resgatasse mais ainda a essência do Death Metal soteropolitano dos finais da década de 80, onde pude viver ao lado de verdadeiras lendas do Metal Nacional como: Chemical Death, The Side War, Mystifier, Putrefaction... Enfim, buscamos nossa essência sem abrir mão da seriedade nas composições.

Tentamos bolar na capa uma espécie de continuação do “Sunrise...”, e para isso contamos com o grande Alcides Burn, o cara é muito foda, em poucas palavras já captou a ideia e colocou no papel!

Mas resumindo, esse álbum foi fruto do empenho e profissionalismo dos membros da família Crucificator, acho que conseguimos concretizar o projeto!

Não posso deixar de citar o grande Alex Kito do VOZ DA MORTE RECS por todo suporte, um grande irmão que conquistamos e tem nos ajudado demais!!!

TGZ - Tú já ouvistes falar em “boicote pelas costas”?  acho que algumas bandas (tipo vocês) são alvo desse tipo de censura do bem (kkkkk) basta pensar diferente e não seguir a cartilha politicamente correta dos “10 mandamentos do metal hippie” impostos por pessoas que se acham senhores da conduta apropriada (leia-se política apropriada). 

Admiro a postura de bandas com personalidade que não nadam nesse mar de merda. 

Aqui na BA além de vocês, o Ad Baculum, Morbid Perversion, Profane War, Disrupt Christ e outras poucas não tem medo de ter opinião que desagrada essa maioria...

Hategun - Irmão, eu sou de um tempo em que homem falava na cara, logo se não chega em minha frente pra expressar o que acha ou deixa de achar, a mim não diz nada. Somos de periferia, nascemos nela e temos orgulho disso, pois aqui a regra é: ”BOCA FECHADA PRESERVA OS DENTES E GARANTE SEU AMANHÔ. 

Penso que Salvador tem um potencial gigantesco em termos de bandas que ao invés de unirem-se e construir algo grande, não, estão preocupados com quem já está com o cu cheio de dinheiro público, ou quem é melhor que quem... 

Isso não vai levar o Metal de Salvador a lugar nenhum. Como disse, estamos a mais de 30 anos fazendo Death Metal, quando você chega a essa pegada, a única coisa q importa é o Metal, o resto que se foda.


TGZ - “Sexual Carnage”, “Campo de Extermínio” e “Morbid Visions” são meus 3 álbuns nacionais preferidos. De fora eu citaria “Hell Awaits”, ”Reign in Blood” e ”Pleasure to Kill”. E você?

Hategun - Porra negão, são tantos que seria foda citar, mas posso destacar o “INRI”, “CAMPO DE EXTERMÍNIO”, “OF SATANAS” (demo), “Schizophrenia”, “EXTERMINIO”, “SIGNO DE TAURUS”... e vários outros...

TGZ - É verdade que a banda (ou talvez só você) simpatiza com o movimento integralista de Plínio Salgado? 

O lema dos integralistas é “DEUS, pátria e família”; não achas isso de deus algo contraditório? Se não me engano, outra banda que também simpatizava com o movimento integralista aqui no BR era o LordFoul (Black Metal), lembro que eles usavam até a saudação “Anauê”... 

Hategun - Contraditório?? Não sigo dogmas cristãos, em minha religião o Deus cristão não existe, ainda assim  não vejo contradição alguma. Não tenho nada contra, porem não misturamos religião com som, a nossa posição política também deixamos de fora por ser algo pessoal. Nunca existiu regras no Metal, e nós somos dessa época.

Simpatizamos com o movimento integralista sim, porem não somos integralistas, somos nacionalistas tão somente. 

TGZ - Como já dito, muito me interessa a temática bélica, seja em música, filmes ou livros. E sei que você se inspira nesses fatos para as letras do Crucificator, logo gostaria que você citasse algum fato, livro ou outra fonte, mesmo uma história oral dessas trágicas crônicas dos campos de batalha que serviram de inspiração em alguma composição da banda. 

Aqui na minha cidade existe um monumento (uma praça vergonhosamente entregue as traças) a dois pracinhas daqui, mortos em combate em solo italiano na II GM; os praças Dionizio e Evilázio (que dão nome a essa praça) e creio que em Salvador você também deve conhecer sobre mais integrantes da FEB que saíram de Salvador (sei também da praça dos ex-combatentes em Feira de Santana). 

Me parece que não há muito incentivo a esse tipo de pesquisa, pois tenho formação em História e durante certo tempo sofri muita lavagem cerebral desse meio universitário com toda essa coisa de “antifa”, etc, pois estão mais interessados em discutir essa merda de LGBT ou os “heróis da resistência” que queriam entregar o país de 4 para os soviéticos... 

Acho uma puta injustiça para a memória desses guerreiros da FEB, a última espécie de homens que tinham sangue de leão em suas veias, morrerem brutalmente nos campos de batalha da Europa, lutando contra as forças armadas mais poderosas (a Wermacht e a Luftwaffe alemãs) que ainda assim foram vencidas, lutaram em solo desconhecido e em um clima hostil (com o inverno europeu em graus abaixo de zero, algo incomum pra pessoas que vieram de climas quentes e tropicais daqui) tudo isso para que hoje em dia um pau no cú que não sabe nem se é homem ou mulher tenha liberdade de tá dando o rabicó por ai e ainda se achar no direito de criticar. É; tempos bons realmente geram homens fracos...

Hategun - Sim grande irmão, a Batalha de Tenesee, o ataque japonês a Pearl Harbor, a voltados nossos heróis cruzando o oceano são temas de letras nesse álbum. Fizemos uma homenagem a Oscar Perez, falamos também sobre toda a rota alemã  até a chegada em Stalingrado, todos esses fatos estão narrados nesse álbum.

Infelizmente a história e bravura desses homens que cruzaram mares para lutar em um local completamente desconhecido não são devidamente honradas, aliás honra é uma coisa que parece ter ficado em um passado bem distante nos dias de hoje. Existem coisas que nunca se poderá ser explicado, a adrenalina e coragem em um combate real, a irmandade forjada sob fogo cruzado, isso é coisa para homens de verdade, e essa galera que você citou, fora o FREE FIRE, nunca saberá como se constrói um herói de guerra.


TGZ - Você faz parte dos Comandos da Caatinga, certo? Como um estudioso do cangaço sei que elas (a Polícia da Caatinga) foram originadas das antigas Volantes que combateram os cangaceiros nos anos 20 e 30. Eu admiro bastante a coragem e os movimentos e táticas de guerrilha e sobrevivência dos cangaceiros no sertão, mas não romantizo os mesmos, como certos grupos coloridos que adoram idolatrar bandido vivem fazendo com esse papo de “Robbin Wood” sertanejo. 

Mas onde quero chegar é que existiram focos de resistência armada vindo de civis, como na histórica resistência da cidade de Mossoró/RN que enfrentaram a um assédio de Lampião e botaram o mesmo e seu bando pra correr (isso é um tapa na cara desses desarmamentistas hippies covardes). Por outro lado, já as cidades que cederam, sofreram com saques, tortura, assassinato e estupro por parte dos invasores, como exemplo maior a cidade de Queimadas aqui na BA, onde toda uma guarnição com 6 soldados e um sargento da polícia local foi rendida e executada (recomendo as pessoas visitar essa cidade e conhecer os locais históricos como a antiga delegacia e os túmulos dos soldados, entre eles do valente soldado Aristides Gabriel de Souza que desafiou Lampião para uma luta de facas que ditaria os rumos de que lado sobreviveria, mas o cangaceiro covardemente recusou e mataram todos os soldados rendidos a tiros e punhaladas). 

Por ter origens sertanejas, minha família por parte materna vivia me contando historias de parentes que foram jagunços, brigaram por conta de terras e até trocaram tiro com cangaceiro; eu cresci familiarizado com caça e armas de fogo, mas hoje vejo todo esse papo furado de “não violência”, como se o mundo fosse mesmo ficar cor de rosas algum dia hehehe. Acho que a violência sempre fará parte da espécie humana. 

Hategun - Sim, mas hoje faço parte de outra unidade tática. A história do cangaço foi romantizada e vitimizada, pois não passavam de marginais covardes que oprimiam, estupravam e saqueavam o pobre sertanejo. Faziam acordos com fazendeiros (coronéis) e nada tinham de nobres. Vejo muita gente simpatizar com a história desses facínoras, mas o povo antigo, o velho sertanejo sabe a verdadeira história desses vermes. Bandido é bandido e tem que tomar tiro na cara, não tem outra ideia.


TGZ - Fala rápido sobre:

1 - “Campo de Extermínio” (disco):

Hategun - “ESCOLA”

2 - Guerra do Paraguai:

Hategun:

- Salve a Riachuelo

- Caxias botou pra fuder

- Como em todas as guerras, alguém ganha com a morte dos menos favorecidos. ROTHSHILDS JUDEUS MALDITOS

3 - Offertorium:

Hategun - uma obra de arte que repousa no passado

4 - Guerra de Canudos:

Hategun - uma amostra de que o sistema sempre vai esmagar quem se levanta contra ele. A REPÚBLICA mostrando pra que veio.

5 – Hammer of Damnation Records:

Hategun - um selo


TGZ - Muito obrigado pela disponibilidade pra esta conversa, que a jornada do Crucificator se estenda por décadas e o espaço a seguir fica para que deixe as considerações finais:

Hategun - Em nome do Crucificator, agradeço o espaço, e parabenizo você pela coragem, isso é honroso para nós. LONGA VIDA, FORÇA E HONRA, BRASIL!!!


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