25 de novembro de 2022

HEADHUNTER D.C. (Salvador / BA - Brasil)

Headhunter D.C. representa a verdadeira essência do Death Metal underground! Longevidade, fidelidade, honra e muitas glórias dentro do submundo, onde só quem realmente aprecia essa vertente brutal do Heavy Metal consegue assimilar todo o seu feeling!!! Já tive a honra de entrevistar o Headhunter D.C. outras vezes, seja aqui para a versão on-line do ThunderGod Zine (mais de uma vez, por sinal), seja na versão impressa do zine e até para o canal MetalHeads FSA, e sempre será uma honra poder contar com a presença deste lendário patrimônio de nossa cena... Então, sem muitos rodeios, vamos ao que interessa:




TGZ - ...Então meu grande irmão Sérgio "Baloff" Borges, como é estar à frente do maior e mais fudido representante do Metal da Morte de nossa cena?

Sérgio “Baloff” Borges: Saudações em triplo seis, meu nobre irmão Mazinho e Thundergod Zine!!! Cá estamos nós mais uma vez para espalharmos a palavra do Culto da Morte através de seu já lendário fanzine, o que pra mim é sempre um misto de prazer e honra, então deixemos o holocausto de posers começar... Antes de mais nada, sou muito grato por suas palavras! Sei que são sinceras, então as mesmas sempre servem de combustível para seguirmos firmes e fortes na árdua batalha. Estar à frente de uma banda como o Headhunter D.C., em primeiro lugar, é uma imensa honra e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade, seguidos, é claro, de muito prazer, sem o qual nada disso faria qualquer sentido – apesar de todas as dificuldades que permeiam os 35 anos dessa longa jornada. Falo em nome de alguém que um dia esteve do "lado de lá" da banda, que a viu em seus primeiros dias, seus primeiros ensaios e reuniões e que instantaneamente se tornou fã e a ela passou a se dedicar totalmente ainda antes de tornar-me vocalista, então a palavra "honra" se encaixa como uma luva no contexto aqui. A responsabilidade por manter toda essa rica história viva e ativa pesa, e muito, pois são vários aspectos de resistência dentro dessas 3 décadas e meia que só quem enfrentou os mais diversos percalços por tanto tempo são capazes de reconhecê-la e valorizá-la, mas essa responsabilidade tão pesada acaba dando lugar ao prazer  e também ao orgulho de poder ser a voz que faz ecoar o Culto da Morte do Caçador de Cabeças aos quatro cantos do submundo do Metal.

TGZ - O Headhunter D.C. se aproxima do jubileu de 40 anos de existência!!! Se considerarmos os anos Túmulo, daqui a menos de quatro anos será uma data muito importante na história do Death Metal mundial a ser celebrada. Claro que tudo pode acontecer daqui até lá, principalmente se levarmos em consideração que ainda estamos vivendo um momento complicado de pandemia, mas imagino que esta data já começa a mexer com você, estou certo?

Baloff: É verdade, cara, e pensando nisso nos damos conta de como o tempo tem passado rápido, não? Lembro-me de quando chegou o ano de 1997 e a minha expectativa e ansiedade para a comemoração de nossa primeira década de existência, o que já era um grande feito para uma banda de Death Metal do Nordeste. Essa coisa de comemorar os jubileus da banda sempre foi importante pra mim, pois é uma forma de não apenas celebrar mais 5 anos de estrada, mas também uma oportunidade de refletir sobre tudo o que já foi desenvolvido até então, enxergar os erros e acertos durante a jornada e planejar os próximos passos. A vinda dos 40 anos da banda passou de algo inimaginável nos primeiros dias da banda a algo real e que vem a passos rápidos, então espero ter saúde suficiente para comemorar mais esse jubileu de morte total em forma de música extrema, pois vontade, perseverança, sangue nos olhos e resistência não me faltam. Enquanto essa data não chega, vamos seguir comemorando o nosso jubileu pandêmico de 35 anos até o próximo mês de maio. A saga continua...

TGZ - O último álbum do Headhunter D.C. foi lançado há dez anos, estamos próximos a ouvir um novo assalto deathmetálico? O que pode revelar deste próximo play, o sexto na história de vocês?

Baloff: A maldição dessa vez não só foi repetida como superada, haha! Como tenho dito, foram vários os motivos que nos levaram a mais um longo hiato entre um disco e outro, que vão desde as constantes mudanças na formação nos últimos 5 anos até a chegada da pandemia do Covid-19 que tomou o mundo de assalto. De qualquer forma, o novo material para o próximo álbum já está 100% escrito há algum tempo, faltando apenas alguns detalhes de arranjos por parte dos membros mais recentes a serem desenvolvidos e lapidados. Passada a fase de shows pós-pandemia para 2022, aproveitaremos esse final de ano para dedicarmos os ensaios exclusivamente ao tracklist do novo álbum. O álbum se chamará "Rise of the Damned..." e contará com 9 músicas inéditas mais uma intro, uma outro e um interlúdio, todas representando o Headhunter Death Cult Metal em nível máximo, totalmente fincadas em nossas raízes deathmetálicas da velha escola do Metal da Morte, altas doses de brutalidade profana e atmosferas densas. Esperamos poder alcançar um nível de gravação com esse novo trabalho que realmente sirva como um veículo para a perfeita disseminação de sua essência, com o peso e ambiência apropriados para também servirem como uma genuína moldura para todo o conteúdo do material, musical e ideologicamente falando. Alguns novos títulos, além da faixa que dá nome ao álbum (que inclusive tem sido tocada nos últimos shows): "Unblessed by the Unsacred", "One Thousand Apocalypses", "In Death Metal We Trust" (essa mais um hino de louvor e um brado de resistência pelo verdadeiro Metal da Morte), "Possessed, Obsessed" entre outras. Aguardem! 

TGZ - Inclusive ano passado (2021) foi lançada a promo tape "The Faith, The Cancer, The Plague and The Pain" com dois sons: "Raise of The Damned" e "A Thousand Apocalypses". Se eu não estiver enganado a última vez que vocês lançaram uma promo-tape foi uma prévia do que viria em "... And the Sky Turns to Black... (the dark age has come)", é a história se repetindo da forma mais fudida possível? 

Baloff: Devo lhe informar, meu caro Mazinho, que essa dita promo simplesmente não passa de pura 'fake news'. Não sei o que acontece, mas algumas pessoas simplesmente "inventam" lançamentos de bandas que na verdade nunca foram lançados. Sobre essa falsa promo em questão, na qual até os títulos estão escritos errado, algum amigo me enviou um link do Youtube com esse material retirado do vídeo de nossa apresentação no Dopesmoke Festival edição online do ano passado, com uma capa e título inventados, e me perguntou do que se tratava. Dependendo do ponto de vista, isso poderia ser até algo positivo pra nós, uma forma de suporte na divulgação desse novo material, mas o problema é que sequer pedem nossa permissão pra lançarem algo assim, ainda que seja apenas pelo Youtube, o que acaba causando uma total desinformação com relação à discografia oficial da banda. Se quiséssemos divulgar esse novo material num lançamento oficial antes do próximo álbum sair, nós mesmos gravaríamos uma promo e divulgaríamos de forma apropriada. 

Lembro-me de quando a gravação do "God's Spreading Cancer..." vazou na rede antes do disco ser lançado com uma mixagem que ainda não era a mix final, resultado da atitude idiota de um falso "amigo" que, inclusive, chegou a fazer alguns shows conosco como sub. No final das contas isso acabou ajudando na disseminação do álbum, tornando-o uma espécie de culto imediato antes mesmo de sair, mas foi algo que me deixou muito puto por estar fora de nosso esquema promocional do mesmo, mas enfim, são ossos do ofício (risos)...

N.E.: "encarte" desta promo fake

TGZ - Falando em "...And the Sky Turns to Black...", este clássico acabou de ser lançado em vinil. Este álbum, por sinal, teve uma versão limitadíssima em picture disc na época. Vi que esta versão também saiu em uma tiragem limitada e outra ainda mais limitada, fale um pouco deste relançamento:

Baloff: Sim, trata-se de uma versão primorosa do álbum em black e clear vinyl pelo selo peruano e nosso velho aliado Crypts of Eternity Productions (o mesmo que já havia lançado o álbum duplo comemorativo de 20 anos da banda "The Darkest Archives... From the Death Cult (1987-2007)” em 2010), pela qual fiquei extremamente satisfeito pelo seu resultado final. Esse lançamento estava inicialmente programado para acontecer em 2020 em comemoração pelos então 20 anos do álbum, mas devido à pandemia esses planos ficaram em suspensão até julho/agosto desse ano, quando foi finalmente lançado. 

O álbum teve um tratamento apropriado para esse lançamento em vinil, tendo sido totalmente remasterizado por Joseph Curwen (Unaussprechlichen Kulten - Chile) com os devidos parâmetros e referências de áudio para tal, soando infinitamente melhor do que aquele picture de 2001. A parte gráfica também é outro destaque dessa edição em vinil, aliás, você mesmo poderia fazer uma propaganda do LP no "0800" pra gente aqui, Mazinho, já que foi um dos primeiros a adquiri-lo aqui no Brasil. 

Manda ver aí! (risos) Pra finalizar, devo dizer que se trata de uma edição à altura da relevância do álbum na cena Death Metal. Em breve estarei recebendo mais algumas poucas cópias, então quem estiver interessado entrem em contato para a pré-venda dessa nova remessa. A new age arises...

TGZ - Podemos dizer que recentemente o Headhunter D.C. passou por mais uma mudança em sua formação. Saíram o baixista Zulbert Buery (que até então era, depois de você, o membro mais antigo da banda ao lado do baterista Daniel Brandão) e mais recente ainda a saída do guitarrista George Lessa, sendo substituídos respectivamente por Stanley Serravalle e Danilo Coimbra, músicos conhecidos de nossa cena. Como está sendo a integração de ambos no Headhunter D.C.?

Baloff: Como tenho dito algumas vezes, infelizmente algumas drásticas decisões precisam ser tomadas para a continuação sadia do trabalho de uma banda. A integração dos novos membros ao núcleo do Headhunter D.C. tem sido a melhor possível, pois são músicos da mais alta qualidade e de talento indiscutível, além de serem totalmente capazes de absorver a essência da banda como essa realmente precisa ser absorvida, então posso dizer que fomos mais que perfeitos em nossas escolhas, e isso certamente se refletirá no nosso novo álbum.

TGZ - O Headhunter D.C. participou de tributos importantes a grandes lendas do Heavy Metal em todos os tempos, sendo as duas últimas participações bastante emblemáticas – não diminuindo, claro, a importância das participações anteriores, mas as versões para "To Tame a Land" (Iron Maiden) e "Electric Funeral" (Black Sabbath), lançadas nos tributos nacionais de ambas, realmente impressionaram pela personalidade e até coragem de vocês em reescrever esses clássicos com a atmosfera Death Metal. Como foi pra você e pra banda esse desafio e como foi a recepção da cena?

Baloff: Lhe sendo bem sincero, não vi muitas reações como a sua com relação a essas duas versões citadas por você. Acho que quando se trata de "pontos fora da curva", a absorção por parte do público se torna um pouco mais complicada, principalmente aqui no Brasil, talvez por ainda não estarem muito preparados para algo tão, digamos, inusitado. Não me entenda errado, eu ouvi e li muitos comentários e reações super positivas para essas versões vindas de pessoas que, como você, entenderam e absorveram perfeitamente o desafio de se "deathmetalizar" clássicos do Heavy Metal tradicional, mas num geral eu acho que as reações positivas seriam mais óbvias e mais freqüentes se tratassem-se de músicas de Death Metal mesmo – o que, por sinal, tem muito na compilação "A Hail to the Ancient Ones..." (Eternal Hatred Records) lançada ano passado. De qualquer forma, eu amo esse tipo de desafio que revela a identidade e personalidade forte de uma banda, então não se espantem se vierem mais versões como estas no futuro...

TGZ - Como disse antes, ainda vivemos um momento difícil na história da humanidade. Estamos talvez presenciando uma mudança de era após o desastre causado pela pandemia do Coronavírus, que ceifou e continua ceifando a vida de centenas de milhares de pessoas no mundo todo! Como foi pra você pessoalmente e pro Headhunter D.C. passar por esse momento? Aproveite e nos fale algo sobre o próximo lançamento da banda, um CD ao vivo que, se estou bem informado, tem um forte elo com esse assunto...

Baloff: Realmente se trata de uma mudança de era, um divisor de águas na história do homem e um momento importante para reflexão e mudança de certos paradigmas. Eu tenho dito que nem em minhas mais apocalípticas visões eu imaginei um cenário tão horroroso e hecatômbico para a humanidade, e é com essa frase que inicio o texto que virá no booklet de nosso próximo lançamento intitulado "Pandemic Unredemption - Live at Dopesmoke Festival 2021", CD gravado ao vivo no já citado festival em sua edição online do ano passado em meio à pandemia do Coronavírus, uma espécie de réquiem deathmetálico à todas as (muitas) vidas perdidas em um dos momentos mais sombrios da existência humana. Nossa participação naquela edição não presencial do festival nos marcou por ter acontecido justamente no "olho do furacão" da pandemia após um ano de praticamente total inatividade da banda, então aquele momento definitivamente precisava ser registrado dessa forma: um registro de sobreviventes dessa tragédia com o que fazemos de melhor: Death Metal! Seu tracklist ainda conta com quatro músicas gravadas no Palco do Rock Festival de 2017 no show comemorativo de 30 anos da banda, num total de 10 faixas de puro e massivo Death Metal ao vivo. Saindo oficialmente no início de 2023 via Blasphemy Productions. Pra mim em particular, assim como para todos na banda, foi foda essa mudança de rotina causada pela pandemia, principalmente na suspensão das atividades da banda como shows e ensaios, sem mencionar toda apreensão e preocupação em não ser contaminado pelo vírus, não apenas por nós mesmos, mas pelos nossos pais, demais familiares e amigos. Felizmente não perdi ninguém tão próximo que tenha sido contaminado pelo Covid-19 nesse período, mas conheço pessoas que perderam entes e amigos queridos, causando imensa indignação e revolta a todos, ainda mais sabendo que, não fosse pela total negligência do atual governo fascista e genocida do Brasil, muitas dessas vidas poderiam ter sido poupadas. Eu mesmo cheguei a me contaminar pelo vírus por duas vezes, felizmente sem sintomas mais sérios, então posso dizer que tive sorte. A vontade aqui era de dizer que finalmente nos livramos dessa verdadeira pestilência, mas o que vemos é uma volta expressiva das contaminações aqui no país que mais uma vez nos deixa em alerta. Até quando? 

TGZ – Há dois meses vocês participaram do fudido Setembro Negro Festival. Infelizmente eu cheguei em São Paulo dias depois do evento, mas vi por fotos e por comentários de quem encontrei em SP que foi uma apresentação matadora do Headhunter D.C. (como sempre) e que houve uma fudida confraternização entre as bandas e o público no espaço durante os três dias. E você, como resumiria a participação do Headhunter D.C. nesta edição do Setembro Negro e sua experiência também como hellbanger no evento?

Baloff: Se eu fosse usar uma expressão em inglês para o Setembro Negro desse ano eu diria "it was a blast!", pois foi exatamente o que a edição desse ano foi: bombástica! Poucas vezes tocamos em um festival no qual tivemos o mesmo suporte e atenção dispensados para as bandas gringas, o que é um ponto a ser mais do que valorizado numa cena em que as bandas nacionais são comumente destratadas e inferiorizadas pelos produtores de eventos – quando o discurso de "suporte ao underground nacional" não passa disso mesmo: discurso. Nessa questão, Edu Lane da Tumba Produções está bem à frente da maioria dos produtores brasileiros que costumam lamber as botas de bandas gringas e não dão a mínima às bandas de seu próprio país. Sobre nossa apresentação, estréia do guitarrista Danilo Coimbra, acho que saiu tudo de acordo com o que imaginávamos, reforçado pela excelente produção e intensa interação do público com a banda, então não tinha como dar errado. Fudidamente memorável! Tudo o que permeou o festival também foi digno de parabéns: stands de merchandising com muito material fudido, excelente chopp e aquela conhecida atmosfera de irmandade entre público e bandas que só o Metal Underground proporciona. Alguns shows de destaque dos que pude assistir foram os do ROT, Sodoma, Exterminate, Malefactor, Facada e do mestre Ross The Boss, no qual detonei minha garganta cantando os clássicos do velho Manowar na frente do palco... (risos), mas ouvi excelentes comentários sobre os shows do The Black Spade e Havok666, os quais infelizmente perdi.


TGZ - Baloff, irmão, mais um vez muito obrigado mesmo por reservar um pouco do seu tempo pra esse bate papo que poderia se estender por mais tempo, mas vou deixar isso pra quando estivermos compartilhando algumas cervejas por aí... rsrsrsrs! Vou deixar o espaço pras suas considerações finais. Forte abraço, irmão!!! Long Live the Death Cult!!!!

Baloff: Felizmente pudemos compartilhar algumas cervejas no Dopesmoke a duas semanas atrás aí em sua área, meu grande irmão Mazinho, apesar de toda correria, mas em breve estaremos juntos mais uma vez pra compartilharmos mais cervejas e idéias sobre o submundo do Metal, com certeza! Aproveito e parabenizo-o pela fudida apresentação do Martyrdom no domingo do festival! Muito foda!!! No mais, agradeço a você e ao ThunderGod zine por mais essa oportunidade de espalharmos nossa palavra aqui. A todos os maníacos das legiões do Culto da Morte, aguardem e confiram nossos próximos lançamentos e mantenham a velha chama do Metal Underground acesa. Camisa comemorativa dos 35 anos da banda saindo dentro dos próximos dias! Nós cavalgamos nas asas da resistência! In Death Metal we trust!!! All hail... 666!!!!!!!!! 

(por Sérgio "Nekrobaloff666, the possessed one..." Borges)


HEADHUNTER DEATH CULT Anno Mortem Jubilaeum 2022:

*Sérgio "Nekrobaloff666" Borges:

Screams of Unsalvation & Rotten Death Prayers...

*Tony "T. Ungodly" Assis:

Pestilential 666-String Guitar...

*Danilo "D. Morbidus" Coimbra:

Mass Death 666-String Guitar...

*Stanley "Pandaemonic" Serravalle:

Low-end Fretless Damnation...

*Daniel "De La Muerte" Brandão:

Drumonster from Beyond...

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