18 de novembro de 2018

JUDAS PRIEST (São Paulo/SP, 10 de Novembro de 2018)

Firepower Tour 2018

Allianz Parque (10 de Novembro de 2018)

Texto e Fotos por Diego Krugger

Edição de fotos por Lukas Elessar

Logo após as apresentações de Black Star Riders, uma banda composta por ex-membros da lendária Thin Lizzy, e do Alice in Chains, dava pra perceber uma mudança no público. Foram se aproximando do palco feições mais agressivas, e gente mais velha. 

Era o momento mais aguardado do dia, o Judas Priest, assistimos ansiosos a mudança da estrutura de palco e os banners do elogiado "Firepower" (2018) estavam em toda parte. 

Nos PA’s no fundo do palco, no tablado dos guitarristas, na elevação da bateria...



De repente todos se silenciaram, uma bandeira imensa com o famoso tridente do Priest se ergue no palco, na tela além do logo reeditado para o "Firepower", era possível ler trechos famosos das músicas do Priest como “Faster then a laser bullet; Louder than an atom bomb” do "Painkiller",  “Impassive and alone” do "The Sentinel".

Sem aviso, se iniciou uma sirene, mas não era da faixa de abertura, era uma sirene conhecida, e nos primeiros acordes do baixo, os fãs começaram a gritar era "War Pigs" do Black Sabbath, sendo executada em toda altura nos PA’s, isso mesmo que você leu, Judas Priest saúda outro monstro sagrado do Heavy Metal, tocando uma música lendária.

A faixa cai e rapidamente é sugada para um tablado no meio do palco, e ao cair da cortina se revelam todos os músicos da banda em posição, e o riff matador de "Firepower" se inicia, todos enlouquecem bangueando e gritando “Firepower” junto com o MetalGod, de sobretudo e de óculos escuros.

Em seguida o riff inicial conhecido pelos fãs mais old school da banda denuncia, é hora de tocar "Running Wild", do álbum "Hell Bent For Leather" (1979), uma grata surpresa música que há muito não se via no set list, sem descanso Richie Faulkner inicia o riff de outro hit matador "Grinder", do venerado "British Steel" (1980), e diretamente de 1977 do clássico "Sin After Sin", começa "Sinner", e é impossível ficar parado, todos pulando e batendo cabeça freneticamente, primeira pausa, e Halford conversa com o público, solta um “obrigado” com sotaque, e após um dueto de guitarras na primeira frase foi impossível não gritar junto com Halford “you’re in for surprise, you’re for shock aaaaaah” era "The Ripper", do "Sad Wings Of Destiny" (1976), explodindo no Allianz Parque, logo após "Lighting Strike", do "Firepower", e foi notório ver os mais jovens cantando o refrão, provando que este novo disco do Priest arrebatou uma nova era de fãs.

Cai o segundo pano de fundo do palco, e na tela de led começam a ser projetada imagens de estradas e de homens em poderosas motos, do "Point Of Entry" (1981) começa a tocar "Desert Plains", sem descanso é executada "No Surrender" do disco atual, uma faixa morna, questionada por alguns dos presentes, e os primeiros acordes trazem "The Night Comes Down", do "Defenders Of The Faith" (1984), música que desde a tour do "Screaming For Vengeance" não era executada, uma grata surpresa.

"Rising From Ruins" do último álbum da banda começa, e a agitação tem início novamente, e todos observam que Richie Faulkner está super animado, cantando e fazendo backing vocals, apontando para os fãs e jogando palhetas como um ninja joga shurikens no público.

Um dos grandes momentos do show, uma música lendária se inicia "Freewheel Burning", e no telão é projetada a imagem de nosso maior ídolo do esporte Ayrton Sena, o que leva os fãs a um estado de êxtase e contemplação, claro, e rapidamente os verdadeiros fãs da banda fizeram uma analogia com o clipe, que traz Halford pilotando um carro de fórmula 1 no videogame, e Sena voando no asfalto, um tributo digno, senti falta de lasers saindo do palco, mas essa falta foi sentida pelos mais fanáticos, a maioria das pessoas estavam embasbacadas gritando loucamente.

Halford, começa com o seu famoso “yeah, yeah, yeah, yohh” e a multidão cantando junto, e os acordes se iniciam, para "You've Got Another Thing Comin'" e todos cantam junto, um momento mágico.

Após um silêncio no palco, é possível ouvir um ronco de motor, um ronco inconfundível de uma Harley Davidson, e entra Halford em um figurino trocado, em um cavalo de aço branco, como um velho general adentrando para o campo de batalha e a banda inicia "Hell Bent For Leather", e novamente imagens de estradas e motocicletas são projetadas no fundo do palco. 

Scott Travis pega o microfone e pergunta: “O que vocês querem ouvir?” em inglês, e a resposta vem em uníssono da platéia “PAIN-KILLER”, ele pergunta novamente e a resposta vem ainda mais forte, ele afasta o mic e começa a intro de bateria mais famosa do Heavy Metal moderno, e acreditem Halford ainda canta "Painkiller" com todo gás e sustentando todas as notas, para os que sentiram a falta de Glenn Tipton enquanto Richie Faulkner fazia os solos, a imagem de Glenn era projetada no telão, enquanto todos gritavam e faziam chifres com as mãos.

Todo o palco se apaga, e após um silêncio ameaçador começa a tocar "The Hellion", o que me leva a chorar copiosamente, é um hino do Heavy Metal, não dá pra segurar a emoção, no telão imagens de satélites espionando a vida de todos, o chamado “olho elétrico”, e um olho azul com raios saindo de suas laterais aparece, é "Eletric Eye", o riff incial é marcado pelo baixo de Iann Hill, sem intervalo começa "Breaking The Law", e muitos operários são vistos na tela central no fundo do palco, pra quem não conhece a história, a música foi composta em um momento crítico inglês, a indústria do aço estava em greve, os operários reivindicavam melhorias trabalhistas, impressionante como o show é pensado nos mínimos detalhes, e o coro da platéia depois do solo é cantado por todos a plenos pulmões.


E pra finalizar o show mais uma do "British Steel", "Living After Midgnight", uma música conhecida por todos, deixando um verdadeiro clima de festa no ar.

Pontos negativos: a ausência de Gleen Tipton foi realmente sentida por todos, Andy Sneap é muito bom tecnicamente, um guitarrista preciso, mas parece não estar habituado aos palcos, com o tempo ele deve melhorar seu desempenho. 

Alguns fãs questionaram a retirada de “Metal Gods” do set list, mas o Priest possui tantos clássicos que foi bem compensado.

Pontos positivos: Richie Faulkner é um guitarrista brilhante, carismático, conseguiu conquistar a platéia, não é fácil substituir um lenda como K. K. Downing, mas desde 2015 ele demonstra que foi o guitarrista certo para a difícil tarefa. 

E sobre as palhetas, bem, parece que eu consegui uma. (risos).