O Mercy Killing surgiu em
Salvador/BA no final dos anos 80 e construiu uma história de respeito no
cenário Metal baiano.
Porém, trajetória dos Thrash Metallers seguiu um rumo
incomum, deixando a capital baiana rumo a Curitiba/PR, onde o único membro da
formação original, Leonardo Barzi (baixo), remontou a banda e (felizmente) deu
continuidade ao fudido trabalho do Mercy Killing o que em 2015 resultou no
primeiro álbum “Euthanasia” que vem sendo aclamado como um disco fudido pela
mídia especializada e pelos MetalHeads amantes desta vertente insana do Heavy
Metal.
Mas até chegar aqui
o Mercy Killing lançou seis demos: “Toxic Death” (1993), “Living in My Madness”
(1995), “Under the Acid Rain” (2001), “Life Live” (2002), “Dominant Class”
(2003) e “The Thrasher!” (2013),
além de ter participado de coletâneas como “Bahia Rock Collection” (1996) e
“Dois da Bahia” (1997), então vamos conversar com Leo Barzi para detalhar essa
história que se aproxima de três décadas dedicadas ao Thrash Metal:
TGZ – Léo, vou começar
abrindo uma cerveja gelada para começar essa nossa conversa, então um brinde ao
Mercy Killing e muito obrigado por nos ceder a honra de ter essa histórica
banda em nossas páginas. Mas comece falando como estão as coisas por ai irmão?
Léo Barzi – Abro uma
gelada aqui também e fazendo um brinde a nossa parceria! Estamos ensaiando
bastante, já que nosso baterista atual, Renan Ramos (que também toca na
Opressor, excelente banda de Death Metal de Curitiba) está tirando as faixas
antigas que ficaram de fora do “Euthanasia” e compondo coisas novas.
Temos
tocado mais do que nos últimos anos, mas bem menos do que esperávamos após
lançarmos o álbum, mas é um reflexo dessa instabilidade social, política e
econômica do país.
TGZ – Vocês lançaram o
primeiro álbum após 27 anos, seis demos e algumas coletâneas, como foi ficar
tanto tempo assim sem ter um álbum completo para colocar o Mercy Killing definitivamente
no cenário Metal?
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Leonardo Barzi. Foto: divulgação |
LB – Rapaz, eu sempre me
questionei sobre isso (acredite, muitas vezes pensei em desistir por isso,
achando que não era bom o suficiente para manter o nome da banda, por exemplo),
mas temos a sorte de conseguir lançar o disco e, mais incrível, em LP.
Muitas
bandas do cenário soteropolitano nos anos 80 e 90, merecedoras de um álbum, não
conseguiram e eu acho uma injustiça pelo trabalho fudido que elas tinham, como
Krânio Metálico, Thrashmassacre, Signo Vince, The Side War e Chemical Death,
por exemplo.
O Mercy Killing gravou duas vezes com o objetivo específico de
lançar oficialmente, mas sempre demos com os burros n'água, seja por
infortúnios, falta de experiência (e dinheiro) ou simplesmente por recebermos
sonoros "NÃOS". No frigir dos ovos eu acho que foi melhor assim, esse
disco não ficaria tão bom se fosse lançado antes.
TGZ – Por falar em disco,
“Euthanasia” é um puta assalto Thrash Metal!!! Com quem eu converso sobre o
álbum é só elogios, mas como vocês vêm recebendo os comentários sobre o álbum?
LB – Muitos elogios,
muitas resenhas positivas e muitos comentários positivos de fora do meio, o que
para nós é uma grata surpresa. Várias execuções em rádios especializadas
(inclusive um programa que nos gravou ao vivo, imagine isso em 1989???) e algo
que tem me deixado orgulhoso: crianças ouvindo os discos com os pais. A filha
de um amigo, com 12 anos, pediu uma camiseta e foi nos ver em um show ao ar
livre que fizemos uns meses atrás.
TGZ – A formação do Mercy
Killing conta com você, único membro original junto com uma galera que tem dado
conta do recado de forma impressionante. Não é nenhuma novidade ter uma
vocalista na formação de uma banda, mas como foi pro Mercy Killing dar essa
nova “cara” ao seu line-up?
LB - É difícil manter uma
banda junta por um tempo por diversos motivos, mas existem duas coisas que eu
sempre fiz questão: ter "irmãos" na "família" e que os
músicos que toquem na banda tenham afinidade.
Leonardo Sampaio, o baterista que
gravou 11 faixas do disco, foi o músico que tocou por mais tempo comigo (13
anos), Rodrigo Macedo (gravou 5 faixas) acompanhou a banda em Salvador por mais
de 5 anos), Texa vem de uma escola mais recente, Renan e Tati são oriundos do
Death Metal e toda essa diversidade somou de forma positiva e não
descaracterizou a banda.
O caso de Tati pode parecer diferente ou pitoresco, mas não é. A voz dela se adaptou ao nosso estilo, mas sem perder a personalidade, e é isso que deu um diferencial tão marcante.
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Mercy Killing. Foto: divulgação |
TGZ – Vocês têm feito
shows de divulgação do disco inclusive tem algumas datas agendadas pra Bahia
após muitos anos, como está expectativa para esses shows e o que o público de
sua terra pode esperar do Mercy Killing após esses anos todos sem se apresentar
por aqui?
LB – Estamos nos cagando!
Meu sonho é lançar um disco desde que começamos a banda a 28 anos e lembro de
sentir um frio na barriga quando pensava nisso.
Agora olho pro disco, lembro
que tocaremos em Salvador, Serrinha e Itabuna em alguns meses e sinto a mesma
coisa.
Não chegamos a tocar tanto fora de Salvador ou Curitiba a ponto de
perder essa ansiedade, o que vai deixar o esporro mais brutal ainda!
TGZ – Você sabe que vai
encontrar uma cena muito diferente da que você deixou quando foi morar no
Paraná, inclusive acredito que muitos Bangers de hoje nunca viram o Mercy
Killing ao vivo ou de repente nem conhecem ou sabem que vocês na verdade
iniciaram a história em solo baiano. Qual a sua expectativa, e também do Mercy
Killing, para esse reencontro com o início de sua história?
LB – Fizemos um show no
Palco do Rock em 2014, no meio da pré-produção do “Euthanasia”, e a banda ficou
de queixo caído com a recepção do público e dos amigos.
No Dubliners será um
pouco diferente, pois teremos muitos amigos, mas muita gente que não estava lá,
e eu quero ouvir a opinião de cada um deles. Em Serrinha e Itabuna será mais
tenso, pois não tenho idéia da reação dos Bangers, mas faremos de tudo para
deixá-los insanos e sem fôlego!
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Capa da coletânea "Dois da Bahia" (1997) |
TGZ – Não sei se você já
sabe, mas, o Cristiano Carvalho (um dos remanescentes daquela
época e produtor do evento que vocês tocarão em Serrinha/BA), está com planos
de reeditar aquele show histórico de lançamento da histórica coletânea “Dois da
Bahia” com as bandas da época o que vai ser, com toda certeza, uma noite
nostálgica e emblemática. O que você tem na memória dessa época (1997) e qual
sua expectativa para essa ideia?
LB – Venho conversando com
ele desde o ano passado sobre essa idéia. É uma empreitada muito audaciosa, mas
ao mesmo tempo é mais que necessária. A coletânea foi um marco para aquela cena
em 1997 e marcou muita gente, mostrando que o Underground da Bahia não era só
baseado em Rock Alternativo.
Ficaremos honrados e fazemos questão de participar
do projeto e posso garantir que será uma das coisas mais fudidas do ano que vem!
TGZ – “Euthanasia” nem bem
foi lançado e vocês já estão trabalhando no sucessor deste disco. O que já tem
pronto deste material?
LB – Temos faixas mais
antigas, como “Holocaust” e “Social Disease”, que estão em fase de ajuste dos
arranjos para uma guitarra, algumas coisas que foram compostas e nunca foram
gravadas, mas as executamos ao vivo (como “Red Army” e “Thrashing the World”,
por exemplo) e coisas compostas por essa formação, bem recentes.
Até o início
do ano que vem teremos algumas demos prontas e provavelmente vamos soltar
alguma coisa para termos um feedback dos nossos amigos!
TGZ – Leo, obrigado mais
uma vez pela atenção, aguardo ansiosamente pra ver novamente o Mercy Killing
por aqui, deixo o espaço para suas considerações finais:
LB – Nós que agradecemos e
nos sentimos honrados de participar de mais um capítulo da grande história do
Metal brasileiro e de um veículo verdadeiro e brutal que é o ThunderGod! Um
forte abraço aos nosso irmãos de longas datas, Cesar e Elimar, e a toda a
equipe do Zine.
Mais informações sobre o Mercy Killing, acesse: mercykillingbr.bandcamp.com // facebook.com/MercyKillingBR // myspace.com/MercyKillingBR // soundcloud.com/MercyKilling
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"Euthanasia" (Independente/2015-2016) |