18 de agosto de 2016

MERCY KILLING (Curitiba / PR - Brasil)

O Mercy Killing surgiu em Salvador/BA no final dos anos 80 e construiu uma história de respeito no cenário Metal baiano. 

Porém, trajetória dos Thrash Metallers seguiu um rumo incomum, deixando a capital baiana rumo a Curitiba/PR, onde o único membro da formação original, Leonardo Barzi (baixo), remontou a banda e (felizmente) deu continuidade ao fudido trabalho do Mercy Killing o que em 2015 resultou no primeiro álbum “Euthanasia” que vem sendo aclamado como um disco fudido pela mídia especializada e pelos MetalHeads amantes desta vertente insana do Heavy Metal. 

Mas até chegar aqui o Mercy Killing lançou seis demos: “Toxic Death” (1993), “Living in My Madness” (1995), “Under the Acid Rain” (2001), “Life Live” (2002), “Dominant Class” (2003) e “The Thrasher!”     (2013), além de ter participado de coletâneas como “Bahia Rock Collection” (1996) e “Dois da Bahia” (1997), então vamos conversar com Leo Barzi para detalhar essa história que se aproxima de três décadas dedicadas ao Thrash Metal:




TGZ – Léo, vou começar abrindo uma cerveja gelada para começar essa nossa conversa, então um brinde ao Mercy Killing e muito obrigado por nos ceder a honra de ter essa histórica banda em nossas páginas. Mas comece falando como estão as coisas por ai irmão?

Léo Barzi  Abro uma gelada aqui também e fazendo um brinde a nossa parceria! Estamos ensaiando bastante, já que nosso baterista atual, Renan Ramos (que também toca na Opressor, excelente banda de Death Metal de Curitiba) está tirando as faixas antigas que ficaram de fora do “Euthanasia” e compondo coisas novas. 

Temos tocado mais do que nos últimos anos, mas bem menos do que esperávamos após lançarmos o álbum, mas é um reflexo dessa instabilidade social, política e econômica do país.

TGZ – Vocês lançaram o primeiro álbum após 27 anos, seis demos e algumas coletâneas, como foi ficar tanto tempo assim sem ter um álbum completo para colocar o Mercy Killing definitivamente no cenário Metal?

Leonardo Barzi. Foto: divulgação
LB  Rapaz, eu sempre me questionei sobre isso (acredite, muitas vezes pensei em desistir por isso, achando que não era bom o suficiente para manter o nome da banda, por exemplo), mas temos a sorte de conseguir lançar o disco e, mais incrível, em LP. 

Muitas bandas do cenário soteropolitano nos anos 80 e 90, merecedoras de um álbum, não conseguiram e eu acho uma injustiça pelo trabalho fudido que elas tinham, como Krânio Metálico, Thrashmassacre, Signo Vince, The Side War e Chemical Death, por exemplo. 

O Mercy Killing gravou duas vezes com o objetivo específico de lançar oficialmente, mas sempre demos com os burros n'água, seja por infortúnios, falta de experiência (e dinheiro) ou simplesmente por recebermos sonoros "NÃOS". No frigir dos ovos eu acho que foi melhor assim, esse disco não ficaria tão bom se fosse lançado antes.

TGZ – Por falar em disco, “Euthanasia” é um puta assalto Thrash Metal!!! Com quem eu converso sobre o álbum é só elogios, mas como vocês vêm recebendo os comentários sobre o álbum?

LB  Muitos elogios, muitas resenhas positivas e muitos comentários positivos de fora do meio, o que para nós é uma grata surpresa. Várias execuções em rádios especializadas (inclusive um programa que nos gravou ao vivo, imagine isso em 1989???) e algo que tem me deixado orgulhoso: crianças ouvindo os discos com os pais. A filha de um amigo, com 12 anos, pediu uma camiseta e foi nos ver em um show ao ar livre que fizemos uns meses atrás.

TGZ – A formação do Mercy Killing conta com você, único membro original junto com uma galera que tem dado conta do recado de forma impressionante. Não é nenhuma novidade ter uma vocalista na formação de uma banda, mas como foi pro Mercy Killing dar essa nova “cara” ao seu line-up?

LB - É difícil manter uma banda junta por um tempo por diversos motivos, mas existem duas coisas que eu sempre fiz questão: ter "irmãos" na "família" e que os músicos que toquem na banda tenham afinidade. 

Leonardo Sampaio, o baterista que gravou 11 faixas do disco, foi o músico que tocou por mais tempo comigo (13 anos), Rodrigo Macedo (gravou 5 faixas) acompanhou a banda em Salvador por mais de 5 anos), Texa vem de uma escola mais recente, Renan e Tati são oriundos do Death Metal e toda essa diversidade somou de forma positiva e não descaracterizou a banda. 

O caso de Tati pode parecer diferente ou pitoresco, mas não é. A voz dela se adaptou ao nosso estilo, mas sem perder a personalidade, e é isso que deu um diferencial tão marcante.
Mercy Killing. Foto: divulgação

TGZ – Vocês têm feito shows de divulgação do disco inclusive tem algumas datas agendadas pra Bahia após muitos anos, como está expectativa para esses shows e o que o público de sua terra pode esperar do Mercy Killing após esses anos todos sem se apresentar por aqui?

LB  Estamos nos cagando! Meu sonho é lançar um disco desde que começamos a banda a 28 anos e lembro de sentir um frio na barriga quando pensava nisso. 

Agora olho pro disco, lembro que tocaremos em Salvador, Serrinha e Itabuna em alguns meses e sinto a mesma coisa. 

Não chegamos a tocar tanto fora de Salvador ou Curitiba a ponto de perder essa ansiedade, o que vai deixar o esporro mais brutal ainda!

TGZ – Você sabe que vai encontrar uma cena muito diferente da que você deixou quando foi morar no Paraná, inclusive acredito que muitos Bangers de hoje nunca viram o Mercy Killing ao vivo ou de repente nem conhecem ou sabem que vocês na verdade iniciaram a história em solo baiano. Qual a sua expectativa, e também do Mercy Killing, para esse reencontro com o início de sua história?

LB  Fizemos um show no Palco do Rock em 2014, no meio da pré-produção do “Euthanasia”, e a banda ficou de queixo caído com a recepção do público e dos amigos. 

No Dubliners será um pouco diferente, pois teremos muitos amigos, mas muita gente que não estava lá, e eu quero ouvir a opinião de cada um deles. Em Serrinha e Itabuna será mais tenso, pois não tenho idéia da reação dos Bangers, mas faremos de tudo para deixá-los insanos e sem fôlego!

Capa da coletânea
"Dois da Bahia" (1997)
TGZ – Não sei se você já sabe, mas, o Cristiano Carvalho (um dos remanescentes daquela época e produtor do evento que vocês tocarão em Serrinha/BA), está com planos de reeditar aquele show histórico de lançamento da histórica coletânea “Dois da Bahia” com as bandas da época o que vai ser, com toda certeza, uma noite nostálgica e emblemática. O que você tem na memória dessa época (1997) e qual sua expectativa para essa ideia? 

LB  Venho conversando com ele desde o ano passado sobre essa idéia. É uma empreitada muito audaciosa, mas ao mesmo tempo é mais que necessária. A coletânea foi um marco para aquela cena em 1997 e marcou muita gente, mostrando que o Underground da Bahia não era só baseado em Rock Alternativo. 

Ficaremos honrados e fazemos questão de participar do projeto e posso garantir que será uma das coisas mais fudidas do ano que vem!

TGZ – “Euthanasia” nem bem foi lançado e vocês já estão trabalhando no sucessor deste disco. O que já tem pronto deste material?

LB  Temos faixas mais antigas, como “Holocaust” e “Social Disease”, que estão em fase de ajuste dos arranjos para uma guitarra, algumas coisas que foram compostas e nunca foram gravadas, mas as executamos ao vivo (como “Red Army” e “Thrashing the World”, por exemplo) e coisas compostas por essa formação, bem recentes. 

Até o início do ano que vem teremos algumas demos prontas e provavelmente vamos soltar alguma coisa para termos um feedback dos nossos amigos!

TGZ – Leo, obrigado mais uma vez pela atenção, aguardo ansiosamente pra ver novamente o Mercy Killing por aqui, deixo o espaço para suas considerações finais:    


LB  Nós que agradecemos e nos sentimos honrados de participar de mais um capítulo da grande história do Metal brasileiro e de um veículo verdadeiro e brutal que é o ThunderGod! Um forte abraço aos nosso irmãos de longas datas, Cesar e Elimar, e a toda a equipe do Zine.


"Euthanasia" (Independente/2015-2016)