30 de abril de 2022

STEVE GRIMMETT'S GRIM REAPER | NIGHT PROWLER | FLAGELADÖR | BRAVE | HELLISH WAR (SP/SP, 22/04/2022)

La Salsa, SP/SP - 23 de abril de 2022
Texto e Fotos por Lukas Elessar

Este dia 23/04/22 era uma data especial para mim, finalmente eu assistiria um show após os duros anos do auge da pandemia maldita que ainda nos aflige. E acima de tudo, eu teria a oportunidade de ver ao vivo uma das lendas das bandas que ouvia desde moleque.

Me lembro quando em 2017, quando eu estava com os ingressos já comprados para ver o Grim Reaper, mas infelizmente o show foi cancelado pela fatalidade que aconteceu com o Steve Grimmet, que teve uma de suas pernas amputadas por conta de uma infecção agressiva que se espalhou do pé até o joelho. Mas lendas de verdade não desistem fácil e alguns anos depois Steve Grimmet estava de volta à estrada e em 2022, finalmente trazendo sua apresentação para o Brasil, tocando em algumas cidades junto com as bandas brasucas Brave e Hellish War. Em São Paulo, a festa seria ainda maior, com a adição das bandas Night Prowler e Frageladör...


No grande dia, cheguei no La Salsa (ou seria Caveira Velha Rock Bar?) por volta das 18 horas. Pensei ter chegado atrasado, tendo em vista que a primeira apresentação estava marcada para às 16:30, mas nem tinha noção do quanto estava enganado.

Após algum tempo, Night Prowler subiu ao palco com bastante energia. O grupo de Osasco/SP, com seu visual “oitentista” bastante chamativo de alguns integrantes, animou bastante os poucos que já tinham adentrado ao recinto e atraindo os que ainda estavam do lado de fora.

A banda entregou uma apresentação forte. Com destaques pros trabalhos de guitarra de Luke D. Couto e Igor Senna, e Vinícius Telamonte na bateria.

Um tempo depois recebi a informação de antemão de que a van que trazia tanto o Steve Grimmett quanto as bandas Brave e Hellish War ficaram presas por horas no trânsito devido a um acidente com um caminhão em uma das rodovias no Paraná. O acidente não envolveu o veículo dos músicos, mas a estrada foi completamente parada por horas.

A informação foi passada posteriormente para todos na casa, com o Flageladör tocando antes do Hellish War, alterando a ordem das apresentações para tentar amenizar o atraso.

A lendária banda underground sacudiu o La Salsa com seu Speed/Thrash Metal cru e agressivo, cantado totalmente na nossa língua brasuca. Agora com a casa bem mais cheia, as rodas de mosh brotavam sempre que Armando Exekutor (vocal e guitarra) puxava uma canção com seu icônico capuz de algoz. Pra mim que não via um show desde o final de 2019, foi muito satisfatório ver aquela violência gratuita amigável de novo (risos).

A banda apresentou pela primeira vez ao vivo a canção “Queimando nas Chamas do Heavy Metal”, de seu álbum “Predileção pelo Macabro” (2018). A canção é um louvor ao Metal que não fica pra trás de nenhuma letra do Manowar.

Os destaques ficam para "Ao Vivo no Inferno" e obviamente o clássico “A Noite do Ceifador” que foi cantada em coro pela maioria dos presentes.

Apesar da alteração na ordem das apresentações, o atraso da van dos outros músicos foi bastante sentido. Demorou muito para a próxima apresentação ter sequer estimativa de seu início.

Foi um alívio quando finalmente vimos os músicos chegando com seus equipamentos atravessando o salão, e depois o Próprio Steve Grimmet passou com sua cadeira de rodas motorizada, causando os gritos e aplausos do público.

Após mais um tempo esperando a preparação dos equipamentos, finalmente o Brave retomou as apresentações da noite. Nesta apresentação, infelizmente devido a todo atraso, muitos na casa estavam bastante exaustos, incluindo a mim, que pegava o primeiro show pós-pandemia.

O Brave começou sua apresentação num horário bem próximo do que antes era programado para o Steve Grimmet. Então, ciente de que o evento ainda iria se estender por muito tempo além do programado (e que continuaria com o evento São Paulo em Chamas na sequência), optei por aproveitar uma oportunidade que tive para sentar e descansar, e assim infelizmente perdi a maior parte da apresentação do Brutal Power Metal da banda de Itu/SP. Mas destaco a brilhante presença de palco de Sidney Milano.

O breve descanso ajudou bastante a recuperar um pouco das energias.

O grande atraso fez as bandas diminuírem seus set lists, para que o evento não se prolongasse até a madrugada. Então não demorou para chegar a vez da banda campineira Hellish War. E com “Wine of Gods”, a excelente faixa que dá título ao seu último álbum, se deu início a apresentação do grupo com seu tradicionalíssimo Heavy Metal.
O entrosamento das guitarras de Vulcano e Daniel Job, a ferocidade do baixo de JR, assim como a energia do baterista Daniel Person e a performance exemplar de Bil Martins nos vocais, fez as cabeças dos presentes sacudirem.

Como citei antes, a apresentação foi reduzida, porém não faltaram clássicos no curto set list que teve na sequência “Destroyer”, “Defender of Metal”, “Metal Forever” e finalizando com “We are Living for the Metal”.
Uma das melhores apresentações da noite, sem dúvida. Mas senti falta das músicas do álbum “Keep It Hellish” (2013), meu favorito do grupo.

Finalizando a apresentação do Hellish, alguns de seus integrantes mal saíram do palco, pois nesta tour, Steve foi acompanhado apenas por músicos brasileiros, sendo a maioria deles membros do Hellish War: Vulcano comandou as guitarras, e Bil Martins largou o Microfone para acompanhar seu companheiro de banda com o Baixo. Já faltava pouco para a meia noite quando finalmente Steve Grimmett sobe ao palco para cantar seus clássicos do Grim Reaper e sem demora toda a casa já estava gritando em coro “Rock you to Hell”. 

Como essa tour era focada nos 3 primeiros álbuns do Grim Reaper, obviamente que seus principais clássicos estavam lá. A plateia toda estava claramente emocionada em ouvir hinos como “Night of the Vampire”, “Lust for Freedom”, “Dead Arrival”, “Fear no Evil” e etc.

Longe de alcançar as altas notas, mas para os seus 62 anos de idade, e como uma pessoa com deficiência física, Steve nos entregou um show memorável, apesar do vocalista estar visivelmente cansado por todo transtorno da viagem conturbada para SP. O empurra empurra foi intenso com pessoas desesperadas para ficar próximo da lenda viva do NWOBHM.

Destaque para a homenagem ao melhor vocalista do Black Sabbath, Ronnie James Dio (Discorde sozinho/a em sua casa) com o cover de “Don’t Talk to Strangers” do mítico álbum “Holy Diver”. Uma verdadeira surpresa!
E com “See you in Hell”, o espetáculo terminou exatamente às 01 da manhã. 

Steve obviamente exausto, seguiu direto para van, sem trocar palavras com praticamente ninguém, mas tive a sorte de conseguir autografar a capa do meu vinil do “See you in Hell” para sempre lembrar desse dia alucinado.

Apesar de todos os contratempos, foi mais um grande evento da Caveira Velha Produções. Uma noite de Heavy Metal “Oitentista” sem frescura. No La Salsa a noite continuou com o São Paulo em Chamas, mas aí é outra história.
“See you in Hell My Friends”.


Steve Grimmett’s Grim Reaper - Set List

1. “Rock You to Hell”
2. “Night of the Vampire”
3. “Wrath of the Reaper”
4. “Lust for Freedom”
5. “Rock & Roll Tonight”
6. “Suck it and See”
7. “Liar”
8. “Dead On Arrival”
9. “The Show Must Go On”
10. “Don’t Talk To Strangers” (Dio Cover)
11. “Fear No Evil”
12. “Lord Of Darkness”
13. “Waysted Love”
14. “See You In Hell”

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