17 de agosto de 2021

THY RITES (Death/Black Metal - Rio de Janeiro/RJ - Brasil)

Nekrotizer é alma (ou a falta dela) por trás do terrível Thy Rites. 

Para saber mais sobre esse projeto N. Ripper do Necrosis Zine (R.I.P) conversou com esse sujeito que rendeu o que está transcrito nas próximas linhas, se interessar saber leia se não, ok (rsrsrs)

"WORMS IN HOSANNA’S TOMB”

TGZ - Fala Nekrotizer. Conheci o Thy Rites logo quando surgiu, mas sempre tive a impressão que a banda meio que “sumiu” após o segundo álbum, mas eu estava equivocado, pois mesmo sem depender de line-up, notei que sua conspiração subterrânea continuou... 

Nekrotizer: Salve! Apesar das mudanças de formação e a demora entre um lançamento e outro eu continuei compondo novos temas e tentando manter o mesmo espírito e atmosfera idealizado desde o início. E fazendo praticamente tudo sozinho, paralelamente a outros projetos e compromissos da vida pessoal, acabou demorando um pouco mais na produção dos primeiros álbuns. 

Após o 3º álbum ”Daemoniacal Terror” as coisas tem fluido de forma mais rápida e já estou trabalhando no próximo disco pra 2022!

TGZ – ... e recentemente no ano da peste (2021) junto com a mesma é regurgitada da caixa de pandora de abominações, o full “Nekrolatreia”. Você fez toda parte instrumental, (de)composição, letra, etc. Quando e por que decidistes seguir como um lobo solitário nesse árduo caminho? 

Nekrotizer: Eu prefiro fazer tudo sozinho, fica muito mais rápido e prático criar e gravar o que eu quero e do jeito que idealizo todos os temas sem sofrer influências de terceiros. Eu prefiro sempre preservar a essência da identidade musical que arriscar contar com a participação de quem não tem o mesmo propósito que os meus. Não tenho tempo e nem paciência a perder com pessoas tentando formar uma banda.

“Nekrolatreia” é um álbum totalmente conceitual e a grande inspiração veio diretamente da pandemia onde o medo da morte tornou-se o grande foco da humanidade. Todos os temas abordam a desgraça humana e a morte física e espiritual, desde a origem, como questionada em “Carcinogenesis” no qual a criação divina é relatada como a primeira maldição mundana fazendo uma analogia do homem à uma metástase cancerígena. 

Logo após vem “The Cursed Slumber” onde a cegueira da ignorância espiritual conduz os mortais ao profundo sono da perdição celestial, “Engraved into Darkness” retrata o sono espiritual dentro do reino da morte e “Carrionscape” exalta a visão sinistra do processo químico da putrefação atraindo a voracidade das criaturas que naturalmente consomem um fétido cadáver. 

A faixa título “Nekrolatreia” já fala por si só como glorificação dos mortos e dos espíritos demoníacos das Keres que se alimentam dos moribundos. 

Todas as músicas relatam a glória da morte como punição à humanidade.


TGZ – E as influências da banda? (ou projeto). Tenho a impressão que bebiam da venenosa fonte do antigo Death/Black Mineiro, passando também por coisas como Enthroned, Angel Corpse, Evil Incarnate... No álbum “Daemomniacal Terror” (que é o terceiro) rola até um cover do GG Allin para “Shoot, Knife, Strangle, Beat and Crucify” e ficou matador!! 

Nekrotizer: As influências permanecem as mesmas do início, principalmente do metal dos anos 80 e 90, celebrando os mestres do glorioso Death/Black/Thrash Metal Mineiro! Sempre buscando manter a sonoridade própria com uma atmosfera brutal e odiosa e até uma certa melodia.

Esse cover do GG Allin foi apenas pra fazer algo diferente e repugnante! Nada que as pessoas geralmente gostam, mas que tem um feeling insano que poucos conseguiram canalizar dentro de qualquer estilo musical.

TGZ – Se tem algo que sempre me chamou atenção no Thy Rites (além do óbvio que é a música) são as capas e o próprio logotipo. A demo “Necrosancti Faciitis Spiritus”, por exemplo, tem uma forte analogia com o “Rotting” do lendário Sarcófago. Já “Thy Infernal Coronation” me faz lembrar um pouco a capa do “Insantification” do finado In Memorian ou as capas do Chris Moyen (“Painstreaks” do Naked Whipper, por exemplo)... 

Nekrotizer: Toda a estética visual é baseada e faz veemente reverência a velha cena. Não faz sentido usar qualquer outra arte cheia de efeitos digitais para promover a música do Thy Rites. 

Eu particularmente sempre preferi capas de discos desenhadas/pintadas à mão do que qualquer imagem digital. A capa do “Rotting” do Sarcófago é uma de minhas preferidas!

TGZ – E como andam as coisas no RJ? Sinceramente falando, nunca fui muito simpatizante do teu cenário local, mas sei que surgiu coisas insanas tipo Grave Desecrator, Gore, Ready to Fuck, Aeternus Odium, Sodomizer, Flagelador, Regorge, Legalized Murder... Eu gostava também do Apk Raids (quando a referência deles era Tom Warrior e não Carlo$ Vândalo). As pessoas falam mais do Explicit Hate, Taurus, Extermínio ou Dorsal Atlântica (OLD), mas acho que bandas como The Endoparasites, Nocturnal Worshipper (antes de tentar ficar “famosa”), Necrofilia e Morbid Death (que teu selo, Nekrolust e a Mountain Distro relançaram em CD) tinham muito pra oferecer. 

Nekrotizer: Embora o Rio de Janeiro não tenha uma cena de fato, sempre surgiram grandes bandas que gravaram ótimas demos e discos e acabaram por desinteresse dos próprios integrantes ou outro motivo qualquer. Eu tenho acompanhado tudo desde o início dos anos 90 (que foi a melhor época se tratando de shows, bandas e lançamentos locais) e o que temos hoje em dia aqui é uma caricatura dessa gloriosa época. 

Bandas como Songe d’enfer, Symbolic Immortality, Necrofilia, Morbid Death, The Endoparasites, Goat Emperor poderiam ter se destacado muito mais se não terminassem tão precocemente. Outras que continuaram mudaram muito o som e se perderam e algumas nem gravaram sequer uma demo oficial. 

Das bandas de hoje eu destaco apenas o Grave Desecrator, que ainda faz um som tipicamente inspirado na velha escola nacional e tem sido muito aclamado mundialmente. O resto são bandas genéricas que são cópias de cópias de cópias que não vale a pena perder tempo.

TGZ – Falando em RJ, seu estado tem muita similaridade com a BA e acho que uma das mais marcantes é o crime. Assaltos, facções, corrupção policial (entre outras), milícias, gangues, tráfico... E no meio de todo esse caos surgem aqueles teletoobies rosas, vermelhos (alguns se vestem de preto também kkkk) vegetarianos encantados, que insistem no desarmamento civil e tentam nos impor isso a qualquer custo. E a coisa vai além; temos um artigo 25 (que diz respeito a “defesa pessoal”) que está mais preocupado com a integridade física do infrator (se for menor então...) do que com a vítima, mas para eles tudo é apenas uma “questão social” afinal de contas, não existe natureza humana hahah. Essas pessoas leram muito Fouccault, mas esqueceram de Maquiavel ou Thommas Hobbes. Ignoram que em tempos de crises (pandemias, guerras, fome e degeneração da sociedade) as pessoas facilmente se voltam umas contra as outras e vem á tona um instinto primitivo humano que é o da auto-destruição!! Gostem ou não, o que nos fez, seres tão fracos no passado,  sobreviver em tempos primitivos no meio de predadores bestiais, foi o domínio do fogo e do aço que nos colocou inclusive no topo da cadeia alimentar como espécie dominante. Há estudos mais recentes que deduzem que a descoberta da pedra lascada (para cortar) foi mais importante na evolução que a descoberta da própria roda. 

Nekrotizer: Só quem vive a realidade de um estado criminal sabe o que é lutar pela sobrevivência. Esse povinho, essas pessoas que pensam que o mundo é uma disneylandia, esses afetados justiceiros sociais não aguentam 5 minutos no mundo real. 

Infelizmente esse modismo imbecil das redes sociais contaminou todos os ambientes, ao ponto de pessoas mais velhas estarem se curvando a essa babaquice toda. Quanto mais covardes e fracos eles forem mais rapidamente serão trucidados pelo mundo real. Quem quiser ir pra guerra com flores que não reclame do poder bélico do oponente!    

TGZ – Cara, desculpa, mas aquela formação do primeiro álbum (“Thy Infernal Coronation”) com os caras do Sodomizer (Warlock e Fabiano) foi clássica para o Thy Rites e pro submundo de teu cenário local. 

Nekrotizer: Warlock de fato é um talentoso músico. Ele foi o pilar daquelas composições e de toda aura inicial do Thy Rites.

TGZ – Tú és “persona non grata” (sei bem como é isso heheh), ainda mais agora que o tal “UG” está infestado de gente sensível... (mas é bom lembrar que a militância desses gayrreiros contra os whiteshits entrou pra história kkkkk)

Nekrotizer: Esse “UG” moderno é uma paródia do passado. Esses sensíveis de hoje não pisariam em show algum dos anos 80 e 90. Os hippies de antigamente são extremistas se comparados a esses gayrreiros atuais. Metal da inclusão e da paz chega a ser cômico!

TGZ – Fala rápido sobre:

“Antes do Fim”:

Nekrotizer: Um bom disco de Thrash metal nacional. Nada mais nada menos!

Prostitutas cariocas:

Nekrotizer: Depende do que você tem pra pagar hahaha. Quem não quiser gastar tanto tem a famosa Vila Mimosa! 

“Summoning the Abominations Curse”:

Nekrotizer: Foi o início de tudo para o Thy Rites! Satanic Death Metal! 

Antigo show do Sextrash ao vivo no RJ: 

Nekrotizer: Vi dois shows do Sextrash aqui nos anos 90. Um no lendário Garage e outro no Caverna, ambos com Osvaldo Pussy Ripper no vocal e foi brutal, estavam no auge da carreira, Sextrash está entre as minhas bandas nacionais favoritas (pelo menos os 2 primeiros álbuns). 

TGZ – Vômitos finais:

Nekrotizer: Agradeço imensamente pela grandiosa entrevista e apoio. Os zines foram fontes primordiais de informação para toda a divulgação no velho underground! Vida longa ao Thundergod Zine! Quem tiver interesse em adquirir o novo álbum “Nekrolatreia” é só entrar em contato:thyrites@gmail.com  

“Os fracos sucumbirão e apenas os verdadeiros permanecerão!”

Ave Satanas!

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