Moonspell
Carioca Club/SP - 26 de Abril de 2018
Texto e Fotos por Lukas Elessar
Após todo problema que houve em 2017 que resultou no cancelamento de toda a tour sul-americana do Moonpell, um ano se passou até que finalmente a banda pôde retornar aos palcos brasileiros...
Mas a espera valeu a pena, pois os portugueses neste meio tempo lançaram finalmente seu disco conceitual intitulado "1775", retratando a tragédia que aconteceu em Lisboa neste mesmo ano.

E o sinal de seu sucesso, é que 8 canções de seu novo disco estão presentes nessa nova tour que vem sendo muito bem recebida por onde passa; uma prova absoluta de que o "1775" veio para listar entre os melhores discos da carreira dos Lobos que foram homens.
Dessa vez não tive nenhum temor de que algum incidente pudesse cancelar o show (apesar do trauma que tenho das diversas vezes que algo me impediu de assistir a banda em outras ocasiões), pois o show dessa vez seria organizado pelas competentes Overload e The Ultimate Music Press.
Chegando o grande dia, a casa não estava tão cheia quanto de costume, fato facilmente explicado pelo fator de que o show foi marcado para uma quinta-feira.

Pontualmente às 9h, Fernando Ribeiro é o primeiro a subir ao palco, e portando sua lanterna, dá inicio à versão de "Em Nome do Medo" (Faixa original do "Alpha Noir"), que foi regravada de maneira ainda mais soturna para uma perfeita abertura para o álbum "1775".
A canção foi acompanhada do começo ao fim pela plateia.
Na sequência, a faixa que dá nome ao álbum "1755", foi apresentada por um Fernando Ribeiro utilizando uma máscara de médico da peste, criando uma atmosfera ainda mais densa para a apresentação em colaboração com o fantástico solo do guitarrista Ricardo Amorim e a energia do baixista Aires Pereira.

As canções que retratam o terremoto seguido de um tsunami que devastou Lisboa em 1º de novembro de 1755, é também uma crítica aberta ao suposto "Deus" todo poderoso que abandonou seus "escravos" para morrerem diante do desastre por ele criado.
A pesada "Night Eternal", do homônimo álbum de 2008 foi a primeira canção de álbuns mais antigos da banda, mas nem mesmo a mudança de idioma impediu os fãs de cantarem a plenos pulmões.
Seguindo o show, Fernando avisa para o público que estava na hora de revisitar o clássico "Irreligious" (1996) com a góticas "Opium" e "Awake".
"Ruínas" nos trouxe de volta ao "1775" brevemente, para em seguida nos levar de volta ao "Extinct" (2015), penúltimo disco dos portugueses, com as melancólicas "Breathe" (Until We Are No More) e" Extinct".
Em "Evento" foi possível conferir Aires Pereira ganhando destaque com seu maravilhoso trabalho no baixo desta música que trata de sangue derramado e a perda da fé, enquanto Fernando bradava a resposta irônica da canção para a razão de tanto desespero: “E fica quieto...Porque Deus assim quis”.

A performance teatral do Fernando é com certeza um espetáculo a parte, e na próxima música isso ficaria ainda mais evidenciado, com o vocalista ostentando uma longa capa vermelha para apresentar "Vampiria", clássico do seu primeiro disco, o "Wolfheart" (1995).
Destaque também para os teclados de Pedro Paixão, que tocando energicamente enquanto bangueava, fez a cabeça de muita gente presente girar também.

Agradece ao público por comparecer num show numa quinta-feira e então pede para que todos ergam suas mãos para a próxima canção (após esclarecer que é complicado fazer isso em seu país, pois os portugueses são "chatos para caralho"), e assim, chamou por "Alma Mater" também do primeiro disco, que para muitos, inclusive este que vos escreve, é a canção favorita da banda;
Mas mesmo para que não achavam a música especial, muitos passarão a ter um carinho ainda maior pela canção, pela lembrança que ela trará: Do Fernando descendo do palco e cantando e ali mesmo, na pista rodeado por seus fãs. Simplesmente inesquecível.
A noite poderia ter acabado ali, mas ainda tinha muito por vir, a começar por um momento muito aguardado pelo público brasileiro: "Lanterna dos Afogados"; A canção do Paralamas do Sucesso por si só já possui uma letra um tanto quanto depressiva e melancólica, mas nesta versão dos Moonspells (como eles se auto intitulam), toda a composição ficou completamente sombria.

E para de fato encerrar a noite, não poderia faltar "Full Moon Madness" do "Irreligious", sempre presente nos set list da banda. Nesta reta final, Fernando estava com baquetas tocando bateria junto com o baterista Mike Gaspar enquanto Ricardo Amorim destilava um maravilhoso e longo solo.
Ao fim, após uma apresentação memorável, Fernando se despede do público desejando o retorno da banda "seja mais breve que longo".
Eu sabia que seria um show especial, porém não imaginava que seria tão imersivo e empolgante.
Deixo aqui meus parabéns para os organizadores do evento e principalmente à banda pelo espetáculo que presenciei.
Set List
01. Em nome do medo
02. 1755
03. In Tremor Dei
04. Desastre
05. Night Eternal
06. Opium
07. Awake!
08. Ruínas
09. Breathe (Until We Are No More)
10. Extinct
11. Evento
12. Todos Os Santos
13. Vampiria
14. Alma Mater
15. Lanterna dos Afogados (Os Paralamas do Sucesso)
Bis
16. Everything Invaded
17. Scorpion Flower
18. Ataegina