21 de janeiro de 2017

SIOD "esSIODio" (Independente/2016)

O Siod, banda paulista formada no ano de 2013, em sua formação atual com Umberto Buldrini (vocal/guitarra), Fabiano Gil (baixo) e André Silva (bateria) entrega-nos, nesse seu debut, sem dó nem piedade, um heavy de qualidade caracterizado por um vocal totalmente em português, um trabalho de guitarra calcado em riffs matadores e uma cozinha que de modo algum limita-se a ser coadjuvante. Um fato sempre muito positivo na história de qualquer banda também ocorre aqui: Umberto e Fabiano não abriram mão de eles próprios produzirem já esse primeiro trabalho do Siod. Acertaram com louvor!


A temática que caracteriza esse full length é 100% urbana, com oito faixas que competentemente mapeiam sentimentos como a raiva, a angústia e o medo de forma nada abstrata. Esse pé na porta que a banda põe anuncia-se com “Maldade”: “E o que dizer?/Quando a maldade escolher você!/Não tem pra onde se esconder!/Pra que correr se todo mal já te habita e/Não tem muito o que fazer. (...) Pra que chorar se cada lágrima caída está tentando.../Camuflar o seu cinismo.” 

A sequência de petardos tem “Traumatismo Moral” e “esSIODio”, a faixa título, na qual impiedosamente Umberto grita: “esSIODio que eu sinto!/Da cultura nacional/O país só se mexe/Depois do fim do Carnaval. (...) esSIODio que eu sinto!/Da cultura nacional /Gastar milhões com o Papa e a Copa/Faltando médicos no hospital.” 

Em “Paranoia” essa condição é relacionada ao medo em um texto, como nas demais composições, enxuto e cortante. “Buraco da Fé”, a quinta do álbum, é um ataque agudo à irracionalidade contida na religião institucionalizada: “Hey você ai, fica vendendo vaga no céu/Eu nunca vi oração encher barriga de nenhum fiel.” E com um fechamento lapidar: “Pequenas igrejas e grandes negócios”! 

“Coragem Amigo” – que tem o suicídio como temática (mas não pensem que a mensagem aqui é cândida) –, “Não Tira Não” e “Cercado de Vermes” fecham o CD com a mesma intensidade contida em todos os registros anteriores. 

O Siod deixa-nos com expectativas as mais elevadas após este lançamento. Trata-se de uma banda que apresenta um recado muito claro: somos capazes de fazer e fizemos. Os metalheads arraigados a ideias tais como a que sugere que o inglês é a “língua oficial do metal” e coisa que o valha correm um sério risco de passar batidos aqui porque o que o Siod executa e entrega é um metal da mais alta qualidade.