23 de novembro de 2016

BRASIL METAL UNION 2016 (São Paulo/SP, 13/11/2016)

BRASIL METAL UNION - 2016

Soulspell, Salário Mínimo, Cangaço, Semblant, Bruno Sutter, HeadHunter DC, Monster, Nervosa, Hibria e Tuatha de Danann

Tropical Butatã (São Paulo/SP) - 13 de Novembro de 2016

Texto e fotos por  Lukas Ellessar.

10 Anos após a última edição do BMU, o produtor Richard Navarro ressuscitou o festival para uma edição especial em comemoração do lançamento do site brasilmetalunion.com, uma espécie de "Metal Archives" específico de bandas do Brasil. Contando com um cast de peso, com bandas de diversas regiões do país, o evento ocorreu no espaço Tropical Butatã em São Paulo, prometendo 10 horas de Heavy Metal nacional...


Soulspell (BMU 2016)
Pontualmente às 13 hrs, o Soulspell deu início ao festival com seu vasto elenco de 11 músicos  realizando com maestria sua Metal Opera. 

A banda liderada por Heleno Vale animou bastante os presentes, mas o público ainda estava chegando na casa e muitos estavam dispersos, comprando camisetas e cds dos stands de algumas bandas espalhados no local.

A performance e entrosamento de todos os vocalistas foi um dos grandes atrativos da apresentação. Destaque para a canção "Troy".

Salário Mínimo (BMU 2016)
20 Minutos depois chegou a vez do Salário Mínimo, banda da velha guarda do Metal nacional. 

Aparentemente descontente com o horário em que foi escalado para tocar, a banda fez um show composto apenas por canções dos anos oitenta o que deixou os fãs saudosistas completamente empolgados.

Entre os discursos de China Lee e algumas participações especiais como Paulo "X" do Monster e seu irmão Carlinhos Anhaia, o show foi bem apreciado e levando parte da casa a se agrupar mais próximo do palco. 

E ostentando a bandeira do projeto "Brasil Heavy Metal" a banda paulista deixa os palcos. 

Cangaço (BMU 2016)
Alguns minutos depois, a grande e inesperada surpresa nordestina se iniciou: Carregando um lampião, sobe ao palco Rafael Cadena, anunciando que estava na hora da banda que carrega o nome de um dos exércitos armados mais brutais que já existiu em nosso país: Cangaço.

Este que vos escreve ficou surpreso. Conhecia a banda de nome, porém não tinha prestigiado seu som ainda e fiquei completamente embasbacado com a qualidade sonora do grupo, uma mistura de Death/Folk Nordestino,  e principalmente com a garra e espírito enérgico com que o trio se apresenta. Neste momento toda a atenção da casa estava no palco. 

Entre canções de seu consolidado álbum "Rastros" (2013) e canções de um prometido disco novo a banda foi ovacionada com grande empolgação do começo ao fim em um show que como comentei posteriormente com Magno Barbosa Lima ( Baixo e Vocais), levantaria até defunto se estivesse presente.  Para mim e muitos outros, foi o melhor show do evento. 

Destaque memorável para a canção "Bombardeio no Ceará" e "Cavalos do Cão" (Zé Ramalho).

Semblant (BMU 2016)
O Semblant, banda curitibana de Death Metal Melódico deu sequência ao BMU. A banda até que se saiu bem do desafio de tocar após o espetáculo do Cangaço. 

Os fãs e adeptos do estilo estavam empolgados e a presença de uma dançarina contribuíam para que os olhos da platéia se mantivessem presos ao palco, assim como a performance dos dois vocalistas.  

Ao fim do show a banda foi imensamente aplaudida e desceu para conversar e dar autógrafos para os entusiastas.

Bruno Sutter (BMU 2016)
Por volta das 17 horas, era a o momento da controversa banda do Bruno Sutter se apresentar para o BMU. 

Deixando de lado o Detonator, Sutter apresentou seu trabalho "sério" com empenho e carisma impressionante. Tendo como convidado ninguém menos que o ilustre "Jesus" Luis Mariutti (ex-Angra, ex-Shaaman e atual About 2 Crash) no contra-baixo, fato que já depositava credibilidade na banda. 

E sim, foi um show bem bacana, animando até os mais carrancudos presentes.  O carisma de Bruno mantinha a galera agitada e é inegável que ele é um ótimo vocalista, mas  sem precisar se dedicar também ao baixo, se mostrou também um ótimo frontman. 

Headhunter D.C. (BMU 2016)
18 Horas foi o horário programado para o culto à morte com os nossos conterrâneos do HeadHunter D.C. Sem tempo para conversa, o Death Metal poderoso da banda sacudiu todo Tropical Butatã com o peso de seus quase 30 anos de história.

Uma frase repercutiu nesse show: "Quem não bater cabeça é poser!" e como que para comprovar o poder efetivo da frase, foi o momento em que mais se viam cabeças e cabelos girando freneticamente ao som das letras obscuras da banda baiana. 

Com certeza foi um dos momentos mais marcantes do evento, completamente nostálgico para mim, que não assistia um show do Headhunter D.C. desde que sai da Bahia para morar no interior de São Paulo. Destaque indiscutível para "And the sky turns to Black".

Monster (BMU 2016)
Após 8 anos fora dos palcos e com a premissa de uma reunião única para o evento em questão, chegou a hora do Monster se apresentar. 

Sendo para muitos um dos momentos mais aguardados do show, estes foram recompensados com um show extravagante e muito animado liderado por Paulo "X" (Vocal e Baixo)  e com as participações especiais de seu irmão Carlinhos Anhaia e de Alexandre Grunheidt (Ancesttral).  

Foi um show bastante interativo com o público, levando até a banda a perder um pouco seu horário, quase ficando sem tocar seu maior hino, a homônima "Monster", mas que foi tocada após o apelo da plateia. 

E aos gritos de  "VOLTA! VOLTA! VOLTA!" a banda se despede para dar espaço para as garotas do Nervosa.

Nervosa (BMU 2016)
Mesmo com o tempo excedido pelo Monster, não houve atraso do power trio que logo subia ao palco para destilar seu Thrash Metal. 

Motivados pela performance agressiva de Fernanda Lira (Vocais e Baixo), o público buscava forças pra aguentar o que seria a oitava hora consecutivo de shows, e o resultado de foi altamente satisfatório, pois  o show do Nervosa foi o responsável pela primeira roda de mosh do evento, após Fernanda anunciar que tocaria "Into Moshpit" do disco "Victim Of Yourself" (2014). 

E não havia pausa para diálogo: Era canção atrás de canção, mantendo todos atentos e com a cabeça girando até o fim da apresentação. 

Hibria (BMU 2016)
Era a vez dos gaúchos do Hibria mostrar o porque vem se tornando uma das maiores referência quando o assunto é power metal no Brasil, e o que se seguiu foi uma das apresentações mais marcantes do BMU. 

A banda completamente entrosada exibia uma presença de palco muito animada, contando até com a participação especial  de Mario Pastore, considerado um dos melhores vocalistas do Brasil; mas com certeza  o maior responsável pelo delírio da galera era o vocalista Iuri Sanson, que com seu carisma e discursos empolgantes, contagiava completamente o Tropical Butatã. 

Em uma das canções ele simplesmente desceu do palco e continuou cantando e pulando no meio da plateia. Instigando rodas de mosh e intensamente ovacionados, o Hibria deixou sua marca no BMU.

Tuatha de Dannan (BMU 2016)
9 Horas de Heavy Metal nacional já haviam se passados e devido ao horário e atraso da próxima atração, levou uma pequena fração da platéia a ir embora do local. Por volta das 22:20 sobe ao palco do BMU o Tuatha de Dannan para compartilhar sua festa musical. 

Mesmo com o set list reduzido, a banda animou todos os guerreiros que ficaram até o fim com classicos de toda a carreira da banda. 

Canções antigas como "Tan Pinga Ra Tan"  e até mesmo mais novas como "We're Back" do seu disco mais recente "Dawn of a New Sun" (2015), eram cantadas em coro uníssono por todos os presentes enquanto dançavam e bangeavam intensamente.

Mesmo com o apelo do público para que tocassem mais, a banda teve que terminar a apresentação por conta do horário avançado.

E assim encerrou um evento singular, enaltecendo o nosso subestimado Metal Nacional. 

Foi um retorno digno e ficamos todos na expectativa que o festival se repita por muitos e muitos anos daqui pra frente, sempre renovando seu cast, pois ainda existem muitas bandas maravilhosas espalhadas por nosso país que com certeza fazem parte da Seleção brasileira do Metal.