27 de maio de 2016

OPEN THE ROAD FEST V (São Paulo/SP, 21/05/2016)

OPEN THE ROAD FESTIVAL V
Morcrof, Mystifier, Farscape, Tokyo Blade e Satan
Clash Club - São Paulo/SP 21 de maio de 2016

Texto e fotos por  Lukas Elessar:

Reunindo importantes representantes de vertentes do underground nacional e duas lendas do New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), o "Open The Road Festival V" presenteou São Paulo/SP com um evento memorável...


Morcrof (Black/Doom Metal, SP/SP).
Foto: Lukas Elessar
A responsabilidade de abrir os shows da noite ficou por conta da banda paulistana Morcrof, que pontualmente às  16h30 iniciou sua apresentação. 

A banda, fundada em 1992, trouxe à tona todo o contexto filosófico de seu estilo, ao qual denominam de Philosophic Dark Metal Art e com um desempenho de palco fazendo jus ao título, o vocalista Eziel Kantele-Väinö fez uma verdadeira performance obscura e cativante para os poucos presentes no momento. 

Repleto de vastas canções transitando entre  rapidez e momentos arrastados, o Morcrof fez uma bela apresentação e representou bem a cena Metal de São Paulo.

Não demorou muito para o culto macabro do Mystifier (BA) começar...

Antes da primeira música, o guitarrista Beelzeebubth  falou para o público: "Vivi os anos 80 e é um prazer dividir palco com Satan e Tokyo Blade. Apesar de tocarmos Black Metal, eu adoro Heavy Metal e nasci ouvindo Judas Priest, Iron, Motörhead e Black Sabbath." e ainda: "Decidimos tocar hoje as nossas músicas mais cadenciadas e esperamos que vocês curtam."

Mystifier (Black Metal, Salvador/BA).
Foto: Lukas Elessar
Estas últimas palavras vieram por terra imediatamente, pois Sorcerer Do’Urden (vocal, baixo e teclado) inicia o show com a célere "Give The Human Devil His Due".  

Nesse momento, boa parte da plateia já se amontoava para conferir o desempenho dos baianos. 

Em meio da execução de clássicos da carreira da banda, a interação de Beelzeebubth com a plateia continua: "Quando lançamos nosso primeiro álbum, nem imaginávamos onde iríamos chegar. Só que o foda é que é mais fácil tocar com nossos irmãos do Rotting Christ na Europa do que no Brasil. Espero que isso mude e que acabemos com esse preconceito filho da puta, pois o Metal Nacional existe e é forte..." e em meio à saudação de grandes nomes do Metal Nacional, o discurso do guitarrista ovacionado com animo pelos presentes, que logo seriam recompensados com um cover de "Nightmare" do Sarcófago.

Seguindo com a bem sucedida turnê “Demystifying The World With Profanity World Tour 2016/2017”, a banda ainda se apresentaria na mesma noite no "Apocalipse Metal Negro Fest I", mas o que ficou óbvio era que eles não economizaram energia e fizeram uma das apresentações mais impactantes e poderosas da noite; veloz, brutal e deixando claro o motivo do Power Trio baiano seguir como uma das lendas do Black Metal Nacional.

Pontualmente às 18:30 os cariocas do Farscape começaram a destilar seu Thrash Metal old school. “Demon’s Massacre” foi a celere canção destrutiva que a banda escolheu para iniciar seu show.

As performances de Poisonhell (guitarras) e Whipstriker (baixo) foram um grande destaque, pois empolgavam os presentes à bater cabeça violentamente com a ferocidade de suas apresentações. 

O caótico Thrash dos cariocas agradou bastante o público, criando até mesmo algumas pequenas rodas de mosh, mas foi quando o vocalista WitchCaptor, dividindo os vocais com Whipstriker, puxou a música "Carrasco Do Metal", é que o retorno do público foi mais intenso. 

Farscape (Thrash Metal, RJ/RJ).
Foto Lukas Elessar
Apesar do curto set list, o Farscape que foi uma das bandas mais jovens do festival ("somente" 18 anos), mostrou que fazia por merecer em fazer parte daquela reunião de monstros do  Heavy Metal.

Com certo atraso, chegou a vez do lendário Tokyo Blade subir no palco. A primeira apresentação no Brasil da lendária banda oitentista não pode contar com Alan Marsh nos vocais, mas Chris Gillen foi um substituto a altura. 

Nesse momento as pessoas já se apertavam na frente do palco, todos ansiosos para ver de perto  uma das lendas do NWOBHM.

Após alguns ajustes nos equipamentos e piadas com a ausência momentânea do baterista: "Sabia que estava esquecendo alguma coisa.", os ingleses deram a largada na apresentação com "Death on Main Street" e sem tempo para respirar "Someone to Love" veio em seguida, simplesmente levando o público à loucura.
Tokyo Blade
(Heavy Metal, UK).
Foto: Lukas Elessar

Entre clássicos da carreira como "Break the Chains" e "Dead of the Night" , algo que chamou a atenção foi a performance do guitarrista Andy Boulton, que simplesmente dominou os MetalHeads presentes. Ele só faltou descer do palco para ficar mais próximo da plateia.

A apresentação continuou com "Lightning Strikes (Straight Through the Heart)" e "Mean Streak"; E sem deixar as pessoas descansarem, Steve Pierce (bateria) já mandou  "Love Struck". Gritos histéricos foram puxados do público quando "Night of the Blade" e "If Heaven Is Hell" foram tocadas. Chris Gillen merece os parabéns por segurar muito bem as canções das fases  dos vocalistas Alan Marsh e Vic Wright. 

Uma grande surpresa foi a banda finalizar o show com o cover "Long Live Rock 'n' Roll" do Rainbow, uma  singela homenagem no mês em que se completa 6 anos da morte do ícone Ronnie James Dio. Muitos tinham esperança que ainda haveria uma outra canção (Eu mesmo esperava "Midnight Rendezvous".) mas era de fato o fim e Gillen anuncia que Satan está chegando. 

Divulgando seu disco "Atom by Atom" (2015), Satan sobe novamente no palco do Clash Club após cerca de 1 ano, tempo relativamente longo para os fãs apaixonados que já gritavam "SATAN...SATAN"  em coro.

Satan (Heavy Metal, UK).
Foto: Lukas Elessar
Com sua formação clássica, Brian Ross (Vocal), Steve Ramsey e Russ Tippins (guitarras), Graeme English (baixo) e Sean Taylor (bateria) inciaram sua performance com "Siege Mentality" e "Incantations" do disco "Life Sentence" (2013), disco que marcou a reunião da banda após seu longo hiato.  Então Brian finalmente fala à plateia:  "É engraçado e vocês, provavelmente já ouviram isso antes, mas vou falar mesmo assim porque eu posso: 'em que outro lugar você pode ver tanta gente gritando 'Satan' e ficar tudo bem? Pensem nisso.", causando risos e aplausos em geral.

Ross segue o show, informando que em seguida viria uma canção do disco "Atom by Atom" e este que vos escreve cometeu  então o tolo gesto de gritar por uma das canções de que mais gosto do disco, coincidentemente a canção que leva o nome do disco. Brian me respondeu de forma muito sarcástica: "Seria muito óbvio se eu anunciasse que iríamos tocar uma de 'Atom by Atom' e falasse que era a própria 'Atom by Atom". "The Devil's Infantry" era a canção e na sequência, após Ross confessar seu amor pelo seriado Dr. Who e por filmes de ficção cientifica, "Twenty Twenty Five" veio para delírio dos presentes.
Satan
(Heavy Metal, UK).
Foto: Lukas Elessar

Com um humor bem afiado durante o show, Brian Ross não esqueceu de minha pessoa frente ao palco ao questionar qual canção tocar do disco "Court in the Act" (1983) e se dirigiu à mim  para afirmar que não existia  nenhuma do Satan chamada "Court in the Act" (O que posso dizer?! Estava emocionado por uma lenda do Heavy Metal estar fazendo sarro de mim). Antes de anunciar a canção, comentou que ela tinha o título de outra inglesa, mas que o Satan não tem nenhum clipe com os integrantes vestidos de mulher em clara referência ao Queen; era a clássica "Break Free".

Por fim, após tentar esclarecer o contexto da letra da próxima canção, ele finalmente anuncia "Atom by Atom" apontando diretamente para mim, e pondo assim um fim às caçoadas para com a minha pessoa.

"Oppression"deu continuidade ao show, e após teve início a "Into the Fire", anunciando que estava chegando a hora do hino "Trial by Fire". Canção que foi cantada em uníssono por um público emocionado. Steve Ramsey era uma presença arrebatadora no palco; Tocava cada música como se estivesse possuido pelo proprio satã, se me permitem o trocadilho.Em seguida os MetalHeads  presenciaram "Blades of Steel", "Farewell Evolution", "Cenotaph"e curiosamente o show se encerrou com "Testimony" do "Life Sentence". Detalhe, que o baterista Sean Taylor ficou no palco enquanto a plateia gritava pelo bis, mas não se sabe o motivo pelo qual a banda não retornou e assim se encerrou o "Open the Road Festival V", um evento que merecia uma arena e um público maior, mas grandioso para aqueles que testemunharam essa reunião de mitos do Metal nacional e internacional. Um grande parabéns para a produtora Open the Road que realizou esse espetáculo explêndido.
Satan (Heavy Metal, UK).
Foto: Lukas Elessar
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SET LIST das apresentações:

"Intro"
"The Judgement Of Demigod I & III"
"In Monolitus Ex Auorum Spiritus Mundus"
"Preconceptual Genesis Circularis Elementarum Existentian"
"Portae Ex Solis Svrsvm Aqvilonem"
"Proliferous Equilibrium of Fohat"

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"Give The Human Devil His Due"
"An Elizabethan Devil – Worshipper’s Prayer Book"
"Nightmare" (Cover do Sarcófago)
"Unspeakable Dementia" (Utter Nonsense)
"Dare to Face the Beast"
"Cursed Excruciation / The Sinuous Serpent Of Genesis (Leviathan)"
"Beelzeebubth"
"The Real Of The Antichristus"
"The True Story About The Pact Of Doctor Faust’s With Mephistopheles"

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"Demon’s Massacre"
"Assassin"
"Thrash Until You Drop"
"Celebrate My Death"
"Violent Sacrifice"
"Carrasco do Metal"
"Killers On The Loose"

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"Death on Main Street"
"Someone to Love"
"Break the Chains"
"Dead Of The Night"
"Lightning Strikes (Straight Through The Heart)"
"Mean Streak"
"Love Struck"
"Night of the Blade"
"If Heaven Is Hell"
"Long Live Rock ‘n’ Roll" (Cover do Rainbow)
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"Siege Mentality"
"Incantations"
"The Devil’s Infantry"
"Twenty Twenty Five"
"Break Free"
"Atom by Atom"
"Oppression"
"Into The Fire / Trial By Fire"
"Blades of Steel"
"Farewell Evolution"
"Cenotaph"
"Testimony"