6 de janeiro de 2014

O REINO SANGRENTO DO SLAYER (Editora Ideal/2013, 370 pgs.)

Eis uma biografia que sinceramente aguardava ter em mãos e “comê-la” com meus famélicos globos oculares (quando o assunto me interessa só largo quando leio todas as páginas, quem me conhece já se acostumou em me ver lendo em qualquer lugar e hora).

Contudo, apesar de ser a biografia de uma banda que eu venero e tenho enorme respeito, dois fatores me deixaram apreensivo antes de adquiri-la:



1 - O autor, que se diz especialista em Heavy Metal, é o mesmo cidadão que escreveu "Sabbath Bloody Sabbath" (biografia do Black Sabbath), portanto temi em rever opiniões ridículas como ele citara nesta, uma pessoa que afirma que Doom Metal não pode ser considerado um subgênero do Metal e que teve a audácia de chamar o Manowar um bando de palhaços no meu entender não pode ser considerado um especialista em Heavy Metal – tem mais fatos citei apenas dois para ilustrar.

Levei dois meses e meio para ler a bio de uma banda que AMO e neste meio tempo comprei a de Tony Iommi e a li em quatro dias.... Acredito que este camarada esqueceu que fazer reviews e entrevistas difere (muito) de escrever uma biografia decente, esta tem que ser o mais fidedigna possível com a história e realidade da banda e não ter comentários babacas e ridículos como os escritos pelo Sr Joel McIver.

2 – Esta segunda versão foi originalmente lançada no exterior em 2010, mas a Editora Ideal preferiu inicialmente lançar a primeira versão (mais curta e que “cobria” uma parte da história da banda) e inúmeras pessoas conhecidas que a leram me disseram que a tradução era PÉSSIMA!! Ai me cabe uma pergunta, se esta segunda versão foi lançada em 2010 para que lançar a primeira? Usura talvez? Agora temos esta versão mais extensa e atualizada e desta vez a tradução ficou sob a incumbência do próprio editor, Marcelo Viegas. Este realizou um bom trabalho; capa dura, papel de excelente qualidade; mas mesmo assim temi pelo que viria.

Encontrei asneiras, toneladas delas, mas no “frigir dos ovos” o “especialista” soube formatar/desenvolver a história da banda de uma forma organizada e condizente com sua trajetória histórica. Vamos ao começo (não é redundância, calma), sinceramente preferia ter lido o prefácio nacional feito por alguém do Korzus ao invés do Zumbis do Espaço, afinal esta faz Punk Rock e não tem a representatividade na cena brasileira que o Korzus e este é a expressão máxima quando o assunto é  Thrash Metal oriundo de São Paulo (sede da  Editora Ideal) e uma das mais representativas do Brasil – com todo respeito ao Zumbis na pessoa do Taulil, gosto de Punk Rock mas.... Já na parte gringa temos os depoimentos dos músicos do grande Municipal Waste e ai sim temos gente expressiva para falar do Slayer.

Como fora supracitado o “especialista” formatou/desenvolveu o livro de uma forma inteligente e de fácil leitura, aleluiaaaaaaaaaaa!! No final deste review citarei mais sobre sua destreza neste aspecto. O que vocês leram de agora em diante foram trechos que achei importante citar dentro das trezentas e setenta páginas, algumas advindas diretamente da banda e outras são pérolas do senhor Joel McIver, vamos a elas e a primeira fiz questão de frisar para deixar os ortodoxos e radicalóides possessos de raiva rsrsrsrs.

Todo mundo do meio sabe que o Slayer está com seu prazo de validade vencendo, a banda está na iminência de encerrar suas atividades, ainda mais agora que o saudoso Jeff Hanneman faleceu; acredito que devido a isto somente agora Tom Araya teve “coragem” de revelar um fato pessoal, particularmente acho que se o tivesse feito no começo da carreira ou no meio não teria importância alguma para mim já que a entidade chamada SLAYER é maior que qualquer um que faz ou tenha feito parte de sua line up:

- “Eu não estou aqui para culpar ninguém. E, odeio dizer isso, mas Cristo veio e nos ensinou sobre amor. Era isto que ele pregava, aceitar um ao outro pelo que somos. Viver em paz e amor um com o outro.... Eu acredito em um ser superior, sim. Ele é um Deus todo poderoso.” 

Putz, fico imaginando a cena, um hellbanger ortodoxo destruindo seus CDs, vinis, camisetas, patchs, revistas e posters ao saber disto rsrsrsrsrsrs. Agora pergunto isto apaga a história/importância do SLAYER? Para mim não!! Mas Tom Araya deveria ter dito isto há bastante tempo, vá lá que é sua vida/privacidade; só que a imagem do SLAYER está, até a raiz do pentelho do cú de cada um de seus membros, ligada ao anti cristianismo e seu Deus e seu filhote Jesus são duramente criticados em dezenas de letras da banda...pegou mal...

Há uma do exímio/mestre Dave Lombardo (ídolo de qualquer baterista que se preza) que me deixou atônito – apesar de eu ter curtido e muito a era Disco rsrsrsrs -:

 - “deve-se notar que de fato, Heavy Metal e Disco têm muito em comum (???  Onde?)... os bateristas de Disco Music têm a precisão que um aficionado do Heavy Metal apreciaria.”  Lombardo era DJ na sua adolescência, justamente na era Disco.

Esta de Kerry King sobre a palhaçada norueguesa do Inner Circel é muito boa:

“O Black Metal norueguês é uma bosta. Não entendo porque eles acham que têm que matar alguém para melhorarem como músicos. Vá para casa e prestigie seu instrumento. Eu não entendo. Não preciso matar ninguém para que os jovens músicos me vejam como um modelo a ser seguido.” Os admiradores do Inner Circle infartaram ao lerem isto srrsrsrsrs.

Eu selecionei várias outras, mas paro por aqui para dar a você leitor o gosto pela a leitura, agora vou soltar algumas pérolas do autor:

Página 48 por exemplo: “É fácil demais zombar das letras do "Show no Mercy". O que os fãs de Metal (escrevi maiúsculo, aliás sempre escrevo assim para citar este estilo musical, por respeito pela dimensão que possui) esperavam de seus ídolos na época (e esperam até hoje)..." Opinião do autor, mas percebam que ele denigre a banda e nós fás de Heavy Metal.

Página 50:  o “especialista” afirma que em "Show no Mercy" o título, arte da capa (afirmando que a espada carregada pelo bode é ridiculamente comprida) é o mais puro Metal adolescente e totalmente ridículo. “Não é de se surpreender que tantos fãs do Slayer tenham uma queda pelo álbum...” Ao afirmar isto e desta forma o cidadão simplesmente nos compara a garotos sem discernimento, ou seja, néscios com mente estreita... Será mesmo McIver?

Tem muito mais além destas duas, mas fico aqui para você leitor as verem ao ler a biografia. Porém diante de tudo escrito acima você deve estar se perguntando se vale a pena ter esta em suas mãos, afirmo que sim. Apesar das barbaridades citadas pelo autor este conseguiu organizar a trajetória da banda de forma concisa e interessante para nós fãs da banda, esqueça este lado babaca do cidadão e terá em mãos um instrumento histórico pertinente sobre uma das maiores entidades do Heavy Metal.

Você poderá se surpreender quando ler que esta entidade também tem seus momentos de fraqueza ao “abrir a guarda” para o show business. Já que alinhou sua musicalidade ao new metal ("Diabolous in Musica" está ai para provar) assim como a inclusão maciça de bandas do estilo em festivais promovidos pela própria banda em inúmeras tours – até hoje o fazem.

Contudo, óbvio ululante, o SLAYER é e sempre será uma das bandas mais representativas do estilo, inigualável e que influenciou, influencia e influenciará bandas e metalheads por décadas.

Vale ressaltar que há uma parte com farto material fotográfico da banda para visualizarmos a evolução da banda ao longo do tempo, portanto mesmo com revelações bombásticas como as supra citadas e as asneiras do autor vale a pena ter esta biografia na sua biblioteca.