Eis uma biografia que sinceramente
aguardava ter em mãos e “comê-la” com meus famélicos globos oculares (quando o
assunto me interessa só largo quando leio todas as páginas, quem me conhece já
se acostumou em me ver lendo em qualquer lugar e hora).
Contudo, apesar de ser
a biografia de uma banda que eu venero e tenho enorme respeito, dois fatores me
deixaram apreensivo antes de adquiri-la:
1 - O autor, que se diz
especialista em Heavy Metal, é o mesmo cidadão que escreveu "Sabbath Bloody
Sabbath" (biografia do Black Sabbath), portanto temi em rever opiniões ridículas
como ele citara nesta, uma pessoa que afirma que Doom Metal não pode ser
considerado um subgênero do Metal e que teve a audácia de chamar o Manowar um
bando de palhaços no meu entender não pode ser considerado um especialista em
Heavy Metal – tem mais fatos citei apenas dois para ilustrar.
Levei dois meses
e meio para ler a bio de uma banda que AMO e neste meio tempo comprei a de Tony
Iommi e a li em quatro dias.... Acredito que este camarada esqueceu que fazer
reviews e entrevistas difere (muito) de escrever uma biografia decente, esta
tem que ser o mais fidedigna possível com a história e realidade da banda e não
ter comentários babacas e ridículos como os escritos pelo Sr Joel McIver.
2 – Esta segunda versão foi
originalmente lançada no exterior em 2010, mas a Editora Ideal preferiu
inicialmente lançar a primeira versão (mais curta e que “cobria” uma parte da
história da banda) e inúmeras pessoas conhecidas que a leram me disseram que a
tradução era PÉSSIMA!! Ai me cabe uma pergunta, se esta segunda versão foi
lançada em 2010 para que lançar a primeira? Usura talvez? Agora temos esta versão
mais extensa e atualizada e desta vez a tradução ficou sob a incumbência do
próprio editor, Marcelo Viegas. Este realizou um bom trabalho; capa dura, papel
de excelente qualidade; mas mesmo assim temi pelo que viria.
Encontrei asneiras, toneladas
delas, mas no “frigir dos ovos” o “especialista” soube formatar/desenvolver a
história da banda de uma forma organizada e condizente com sua trajetória
histórica. Vamos ao começo (não é redundância, calma), sinceramente
preferia ter lido o prefácio nacional feito por alguém do Korzus ao invés do Zumbis
do Espaço, afinal esta faz Punk Rock e não tem a representatividade na cena
brasileira que o Korzus e este é a expressão máxima quando o assunto é Thrash Metal oriundo de São Paulo (sede da Editora Ideal) e uma das mais representativas
do Brasil – com todo respeito ao Zumbis na pessoa do Taulil, gosto de Punk Rock
mas.... Já na parte gringa temos os depoimentos dos músicos do grande Municipal
Waste e ai sim temos gente expressiva para falar do Slayer.
Como fora supracitado o
“especialista” formatou/desenvolveu o livro de uma forma inteligente e de fácil
leitura, aleluiaaaaaaaaaaa!! No final deste review citarei mais sobre sua
destreza neste aspecto. O que vocês leram de agora em diante foram trechos que
achei importante citar dentro das trezentas e setenta páginas, algumas advindas
diretamente da banda e outras são pérolas do senhor Joel McIver, vamos a elas e
a primeira fiz questão de frisar para deixar os ortodoxos e radicalóides
possessos de raiva rsrsrsrs.
Todo mundo do meio sabe que o
Slayer está com seu prazo de validade vencendo, a banda está na iminência de
encerrar suas atividades, ainda mais agora que o saudoso Jeff Hanneman faleceu;
acredito que devido a isto somente agora Tom Araya teve “coragem” de revelar um
fato pessoal, particularmente acho que se o tivesse feito no começo da carreira
ou no meio não teria importância alguma para mim já que a entidade chamada
SLAYER é maior que qualquer um que faz ou tenha feito parte de sua line up:
- “Eu não estou aqui para culpar
ninguém. E, odeio dizer isso, mas Cristo veio e nos ensinou sobre amor. Era
isto que ele pregava, aceitar um ao outro pelo que somos. Viver em paz e amor
um com o outro.... Eu acredito em um ser superior, sim. Ele é um Deus todo
poderoso.”
Putz, fico imaginando a cena, um hellbanger ortodoxo destruindo seus
CDs, vinis, camisetas, patchs, revistas e posters ao saber disto rsrsrsrsrsrs.
Agora pergunto isto apaga a história/importância do SLAYER? Para mim não!! Mas
Tom Araya deveria ter dito isto há bastante tempo, vá lá que é sua
vida/privacidade; só que a imagem do SLAYER está, até a raiz do pentelho do cú
de cada um de seus membros, ligada ao anti cristianismo e seu Deus e seu
filhote Jesus são duramente criticados em dezenas de letras da banda...pegou
mal...
Há uma do exímio/mestre Dave
Lombardo (ídolo de qualquer baterista que se preza) que me deixou atônito –
apesar de eu ter curtido e muito a era Disco rsrsrsrs -:
- “deve-se notar que de fato, Heavy Metal e
Disco têm muito em comum (??? Onde?)...
os bateristas de Disco Music têm a precisão que um aficionado do Heavy Metal
apreciaria.” Lombardo era DJ na sua adolescência, justamente na era Disco.
Esta de Kerry King sobre a
palhaçada norueguesa do Inner Circel é muito boa:
“O Black Metal norueguês é uma
bosta. Não entendo porque eles acham que têm que matar alguém para melhorarem
como músicos. Vá para casa e prestigie seu instrumento. Eu não entendo. Não
preciso matar ninguém para que os jovens músicos me vejam como um modelo a ser
seguido.” Os admiradores do Inner Circle
infartaram ao lerem isto srrsrsrsrs.
Eu selecionei várias outras, mas
paro por aqui para dar a você leitor o gosto pela a leitura, agora vou soltar
algumas pérolas do autor:
Página 48 por exemplo: “É fácil
demais zombar das letras do "Show no Mercy".
O que os fãs de Metal (escrevi maiúsculo, aliás sempre escrevo assim para
citar este estilo musical, por respeito pela dimensão que possui) esperavam
de seus ídolos na época (e esperam até hoje)..." Opinião do autor, mas percebam
que ele denigre a banda e nós fás de Heavy Metal.
Página 50: o “especialista” afirma que em "Show no Mercy" o título, arte da capa
(afirmando que a espada carregada pelo bode é ridiculamente comprida) é o mais
puro Metal adolescente e totalmente ridículo. “Não é de se surpreender que
tantos fãs do Slayer tenham uma queda pelo álbum...” Ao afirmar isto e desta
forma o cidadão simplesmente nos compara a garotos sem discernimento, ou seja,
néscios com mente estreita... Será mesmo McIver?
Tem muito mais além destas duas,
mas fico aqui para você leitor as verem ao ler a biografia. Porém diante de
tudo escrito acima você deve estar se perguntando se vale a pena ter esta em
suas mãos, afirmo que sim. Apesar das barbaridades citadas pelo autor este
conseguiu organizar a trajetória da banda de forma concisa e interessante para
nós fãs da banda, esqueça este lado babaca do cidadão e terá em mãos um
instrumento histórico pertinente sobre uma das maiores entidades do Heavy
Metal.
Você poderá se surpreender quando ler que esta entidade também tem seus
momentos de fraqueza ao “abrir a guarda” para o show business. Já que alinhou
sua musicalidade ao new metal ("Diabolous
in Musica" está ai para provar) assim como a inclusão maciça de bandas do
estilo em festivais promovidos pela própria banda em inúmeras tours – até hoje
o fazem.
Contudo, óbvio ululante, o
SLAYER é e sempre será uma das bandas mais representativas do estilo,
inigualável e que influenciou, influencia e influenciará bandas e metalheads por
décadas.
Vale ressaltar que há uma parte com farto material fotográfico da
banda para visualizarmos a evolução da banda ao longo do tempo, portanto mesmo
com revelações bombásticas como as supra citadas e as asneiras do autor vale a
pena ter esta biografia na sua biblioteca.