29 de julho de 2012

Exumer, Artillery, Hellsakura e Nervosa

Local: Hangar 110 (São Paulo/SP)

Data: 06 de Junho de 2012

Cheguei tarde quando planejava chegar cedo e perdi a apresentação das bandas Nervosa e Hellsakura, embora tinha esquecido que a Hellsakura iria tocar! Cheguei no Hangar ouvindo uma voz feminina nos vocais mas fiquei na bilheteria...

Ao entrar era um som rolando e não mais uma banda. Logo vi Fernanda Terra, baterista da Nervosa e falei que ouvi uma cantoria lá dentro e ela me disse que a Nervosa tinha sido a primeira banda. Era questão de esperar a próxima banda que entraria no palco e era muito aguardada pelos fãs. Essa banda seria o Artillery e o logotipo da banda, visual dos fãs que adoram-na me faziam pensar que o show poderia ser muito bom.

Depois de um bate-papo aqui e ali os dinamarqueses balzaquianos do Artillery pisam no palco causando alvoroço no público. Digo balzaquianos pois a banda foi formada em 1982, não que todos os integrantes estão na faixa dos 30 anos de idade. E lá vão os irmãos Morten e Michael Stützer nas guitarras, o baterista Carsten Kjaer Nielsen, o baixista Peter Thorslund e o encapuzado SØren Adamsen mandando ver com a música When Death comes, faixa homônima do do último disco de estúdio deles, seguida de By Inheritance.

A banda dá uma parada breve pra interagir com o público e mandar mais música, seguindo o setlist com "Death is an Illusion", seguida por "Into the Universe", dando a paradinha no meio da música para o público berrar o refrão. A banda sentia que já tinha ganhado a atenção e participação do público depois desta quarta música e o show ia rolando cada vez melhor.

Numa pausa ou outro o baterista tirava fotos da plateia com o seu celular ou então filmava-os. A seguir vem "Mi Sangre" (The Blood Song) e "The Challenge" do álbum "Terror Squad" de 1987. Dando um tempo, para começar a próxima música intitulada “10.000 Devils”, SØren vê um menino de aproximadamente 12 anos e o puxa para o palco, presenteando-lhe com uma camisa e dizendo para a plateia, que ali está a esperança no futuro do Heavy Metal. Nem preciso dizer que ele foi muito aplaudido por isso.

Não sabia que criança entraria no Hangar 110 para um show como esse. Creio que foi a camisa que ele usava com capuz que ele deu pro garoto pois ele saiu do palco logo depois para regressar sem camisa o que me confundiu pois pensei que era algum vocalista substituto. Só depois que me liguei que era Adamsen de novo. Santa distração, Homem-Morcego.

Para encerrar a apresentação da banda durante quase uma hora de show, a trinca final ficou com "Khomaniac", "Terror Squad" (faixa-título do álbum citado no parágrafo anterior) e a intensa "The Almighty". Essa trinca foi mais do que bela para os fãs da banda pois são três clássicos da banda. Não sou tão fã deles e como disse no primeiro parágrafo, o show poderia ser muito bom e até que foi mas não me agradou tanto.

Os caras são gente finíssima e tem uma performance de palco boa, o som estava ótimo e agitaram, mas pessoalmente não agradou 100%. Eles deviam ter tocado pelo menos mais 4 sons, mas não é por causa do “pouco tempo” que achei que não foi 100%, mas não foi ruim.

Uma breve espera para o mais aguardado da noite, o Exumer. E lá pelas 22:30 h os alemães entram no palco após a introdução da música de "Ave Satani" composta pelo nada ruim Jerry Goldsmith, que é do não menos famoso filme "A Profecia", para então se ouvir os primeiros acordes de "Winds of Death", do álbum "Rising from the Sea", e presenciar a entrada mais do que marcante do vocalista Mem V. Stein, pois ele estava com uma ira e força que jamais vi num vocalista.

O comentário ao redor de onde eu estava era que o cara parecia que veio para lutar, afinal ele tem uma pinta de lutador de MMA. O pessoal ao meu lado ficou sorrindo, rindo e arregalando os olhos. Quem ficou em frente ao palco parecia se assustar um pouco com o vocalista e achar que ele iria ainda acertar alguém na porrada, de tanto sangue nos olhos que ele mostrava. Ah, mas com as músicas indo e vindo, a performance dele acabou fazendo com que a plateia se acostumasse e interagisse com ele.

Ao ver o baixista T. Schiavo tocando fazendo uma careta de dor ou coisa do gênero eu imaginei que ele estava tendo dificuldades para tocar, mas não era nada disso e sim o estilo do cara tocar. Ufa, ainda bem! A banda emenda com "A Journey to Oblivion" do clássico "Possesed by Fire" e logo em seguida a nova "The Weakest Limb", que faz parte do "Fire & Damnation", o último álbum da banda, lançado neste ano.

Mem já gesticulava muito pedindo para abrirem rodas e pro pessoal moshar direto, o cara era bem expressivo e pra quem captou esses momentos com fotos deve ter sido bem marcante. Na mesma hora alguém do meu lado comentou que o baixista sabia agitar e tinha presença. Daí reparei mesmo que era o estilo dele tocar mesmo.

Eles prosseguem o show tocando "Fallen Saint" e "Vermin of the Sky" ambas também do último disco. Mem fala pouco com a plateia e sua voz forte um pouco rouca segue com seu discurso de palco e interação com o público afirmando que detesta álbum e diz que a próxima música é a primeira do lado B do clássico vinil "Possessed by Fire", e então só poderia ser "Sorrows of the Judgement", que foi seguida de "A Mortal in Black" e "A New Morality". Da formação clássica da banda apenas o vocalista e o guitarrista Ray Mensh estavam ali e ambos agitavam muito. Parecia que o pequeno palco do Hangar 110 estava ainda menor para o quinteto alemão. Como citei três membros da banda, o quinteto se completa com o guitarrista H.K. e o baterista Matthias Kassner, que juntamente com o baixista supracitado entraram na banda em 2009, quando passaram por uma reformulação.

Essa formação está ótima, apesar destes últimos citados não agitarem muito, ficando um pouco parados, mesmo o baterista que “fica parado” o show todo, sequer se manifestou muito. O público bradou muito o nome da banda durante todo o show deixando o selvagem Mem mais selvagem ainda, fazendo ele abrir os braços e a boca como se fosse um bárbaro sangrento que bebe o sangue de seus inimigos! Há! Há! Ha! Que figura! E uma figura muito carismática.

O show prossegue com "I Dare You", música escolhida para ser filmada para um vídeo-clipe, coisa que a banda escolheu de forma planejada, afinal queriam insanidade na coisa. Não sei se depois de 24 anos de sua primeira apresentação no Brasil eles lembram como somos, ou pelo país estar numa rota de vários shows de uns anos pra cá devem ter conversado com outras bandas que tocaram aqui e disseram que o público é insano.

Seguem com uma trinca tocando "Destructive Solution", "Xiron Darkstar" e "Fire and Damnation" para então encerrar o show com a tão esperada "Possessed by Fire" onde quem era de agitar agitou como pode e o quanto pode, enquanto quem queria prestar atenção e agitar sozinho ou cantar junto com a banda cantava. Um brado final da plateia e a banda se despede para momentos depois ir falar com o público.

O pessoal do Artillery foram os primeiros a descer e tirar fotos com o público enquanto alguns membros do Exumer desceram também e comentei com o baixista T. Schiavo que quando o vi fazendo uma cara de dor ou força pensei que ele poderia ter passado mal no dia anterior ou na viagem para cá e tentei explicar para ele sobre o que eu pensava e comentando que algumas pessoas elogiaram ele.

Ele ficou sem entender e perguntou se tinham falado que ele tocou mal e eu disse que foi o contrário e comentei sobre o show do Entombed em que Lars Goran suava as picas, afinal o Entombed bem da gélida Suécia, e vir tocar num pais tropical pode deixar o artista exausto. T. Schiavo sorriu, me cumprimentou e voltou a interagir com a plateia.

O pessoal do Artillery conversava com algumas pessoas sobre ir para um bar enquanto outros pegavam o rumo de casa como eu fiz. Foi um dia legal, sem problemas e com ótima interação de bandas com público e um som bem redondinho. Creio que a banda não vai demorar mais 24 anos para voltar ao Brasil depois do show desse dia. Que venham mais vezes, então!



Fotos por Leandro Cherutti