31 de março de 2012

NERVOCHAOS (São Paulo/SP - Brasil)

Dezesseis anos de dedicação ao fudido Death Metal, este é o legado do Nervochaos, uma das bandas mais importantes e respeitadas no cenário brasileiro.

Toda essa trajetória está presente nos quatro álbuns e três demos lançadas pelos caras ao longo desses anos...


Nas linhas a seguir vocês podem conferir uma extensa entrevista, dividida em duas partes onde o baterista e líder da banda Edu Lane fala sobre a trajetória do Nervochaos e sobre cenário, Tumba Records, entre outros assuntos, confiram:








TGZ - De onde vem a origem do nome Nervochaos?


Edu Lane - Quando a banda foi formada, em Setembro de 96, queríamos um nome forte, diferente do que normalmente rolava na cena. Algo que também poderia representar bem a proposta sonora da banda. Juntando palavras, chegamos ao nome, e ainda, resolvemos misturar idiomas, usando metade em português e a outra metade em inglês. Ainda assim, algo que fosse possível de se entender, em qualquer um dos idiomas. Acredito que fomos bem sucedidos. 

TGZ - Pelo que me lembro, os membros originais do Nervochaos eram da banda Siegrid Ingrid, que fazia um som a la Thrash Metal ou Crossover, mas deram um pulo pro Gridcore com pitadas Death! A idéia de fazer uma banda com a sonoridade do  Nervochaos já passava pela tua cabeça na época que você tocava no Siegrid, Edu?

Edu Lane - Acho que foi uma evolução natural para o Nervochaos. A banda vem evoluindo musicalmente desde o início, nós nunca nos prendemos a qualquer tipo de rótulo e estamos sempre em busca de uma sonoridade própria. Além disso, nós sempre navegamos livremente entre as diversas ramificações da música extrema, mas sem deixar de ser fiel as nossas raízes e a nossa proposta.

TGZ - A banda teve várias formações ao longo de seus 15 anos de existência. Essas formações diferentes fizeram mudar um pouco a sonoridade da banda ao longo dos anos?

Edu Lane - Sim, com certeza. Cada integrante tem uma bagagem própria e isso traz novos horizontes e possibilidades a musicalidade da banda. Nós estamos sempre em busca da nossa sonoridade própria e em busca da evolução como músicos, e no trabalho com o  Nervochaos. É claro que há influências e cada integrante contribui ou contrubuiu a sua maneira para moldar a sonoridade da banda até os dias atuais.

TGZ - No final de 2010 o  Nervochaos participou do show de 30 anos da Cogumelo Records ao lado das bandas Attomica, Vulcano, Holocausto e Pathologic Noise. Como foi esse show em especial e me diga o que o pessoal do Vulcano comentou sobre a versão para a música "Legiões Satânicas"? Ah, e o álbum novo será lançado pela Cogumelo, certo?

Edu Lane - Sim, participamos da festa da Cogumelo e para nós foi um imenso prazer e uma enorme honra tocar ao lados de grandes nomes da cena nacional na festa da gravadora que, foi a responsável pelo nascimento da música extrema no Brasil. A cena em Minas Gerais é muito forte, em especial Belo Horizonte, onde sempre fomos muito bem recebidos e é sempre muito bom poder retornar e tocar para os verdadeiros(as) headbangers que apóiam a cena. Já o nosso relacionamento com o VULCANO vem de muitos anos. Nós sempre procuramos homenagear a cena nacional, em especial a dos anos 80, então fazer uma versão para uma música do VULCANO era algo obrigatório para nós. Quando surgiu o convite para participar do tributo, nós ficamos muito contentes e honrados. Da última vez que tocamos com o VULCANO, perguntei ao Zhema se nós não havíamos destruído a música deles com a nossa versão. Ele sorriu e me disse que pelo contrário, que curtiram bastante a versão que fizemos. 

TGZ - O novo disco vai se chamar “To the Death” e terá participações muito especiais como Morgan do Marduk, Jão do RDP, Bolverk da banda Ragnarok e Ralph Santolla das bandas Obituary e Deicide. O que o público pode esperar desse disco, que será masterizado por Alex Azzali no Alpha Omega Studios, em Milão, Itália?

Edu Lane - O novo álbum será lançado via  Cogumelo entre Março/Abril deste ano. São 13 músicas novas com participações especiais de guitarristas como Jão (RDP), Zhema (Vulcano), Antônio (Korzus), Bolverk (Ragnarok) e Ralph Santolla (Obituary/Deicide). Esse, com certeza, é o nosso álbum mais trabalhado e com mais variações de andamento. Acho que demos um passo a frente em relação ao álbum anterior, o “Battalions of Hate”. A formação nunca esteve tão coesa e entrosada que arrisco dizer que o novo álbum é o nosso melhor trabalho até o momento. O Alex fez um trabalho excepcional também com a mixagem e masterização do álbum. É um disco bem METAL flertando por diversas ramificações da música extrema. A capa foi feito por Joe Petagno e a parte gráfica pelo Fernando (Drowned). Esse lançamento também será disponibilizado, pela primeira vez na história da banda, em vinil.

TGZ - As capas do  Nervochaos tem sido sempre elogiadas e produzidas por nomes como Marcelo Vasco (Vader, Borknagar, Exhortation, Obituary, Dimmu Borgir, dentre outros), que também é conhecido como Marcelo HVC e Marcelo Mantus, e agora com Joe Petagno, que já fez artes pra bandas como Motörhead, Pink Floyd, Led Zeppelin, Krisiun e Marduk, entre outros. Como foi trabalhar com esses artistas e em especial como foi contatar o Joe Petagno para a produção da capa do “To the Death”? Pelo que li por aí ele pinta com tinta e pincel e não usa computador para alterar o trabalho, não é?

Edu Lane - Sim, o Joe não utiliza nada digital, faz tudo do modo "antigo" (ou orgânico), em tela com pincel e tinta. Sempre sonhei em ter um trabalho da banda feito por ele e resolvi arriscar entrando em contato. Para minha surpresa, ele foi muito receptivo e sempre demonstrou total humildade. Ter uma capa com um artista do calibre dele para nós é a realização de um sonho. Claro que há diversos artistas excepcionais e que queremos muito trabalhar ou continuar trabalhando também. Só estávamos em busca de algo diferente e novo para este trabalho da banda.

TGZ - Já que mencionei o Bolverk, o Ragnarok veio algumas vezes para o Brasil e o Nervochaos tocou com eles numa turnê pela Europa fazendo 29 shows em 31 incansáveis dias no ano passado. Conte como foi superar o stress da rotina de tocar, viajar para outra cidade, dormir no ônibus, acordar, arrumar todos os instrumentos, tocar de novo e fazer tudo outra vez?

Edu Lane - Realmente é muito mais difícil do que parece tocar numa banda de música extrema e estar na estrada em turnê. Mas quando se faz o que gosta e acredita, qualquer sacrifício é valido e será recompensado. Conseguimos, mais uma vez, evoluir e dar um passo a frente, fazendo uma turnê maior e melhor pela Europa, do que foi a nossa anterior em 2008. A recepção foi ainda melhor do que da primeira vez e a infra-estrutura de toda turnê também. Para nós, uma banda se faz ao vivo e estar em turnê, pela Europa, com shows todos os dias, é algo realmente inexplicável, mais um objetivo sendo atingido. Espero fazer isso cada vez mais. 

TGZ - Dois shows dessa turnê com o Ragnarok foram cancelados por causa de um terremoto. Vocês imaginaram se o terremoto tivesse ocorrido enquanto vocês estivessem por lá? Quando receberam a notícia sentiram algum alívio e pelo cancelamento dos shows puderam descansar um pouco ou fazer alguma reflexão da vida, da banda, etc?

Edu Lane - Na verdade os dois shows que caíram na turnê européia não foram por causa de terremoto, isso foi na nossa turnê pela Índia/Nepal, que rolou em Outubro do ano passado. Na Europa, um show foi cancelado pelo produtor local na última hora e o outro show, o produtor local só permitiu o Ragnarok tocar por 20 minutos e a nós não. Com relação ao terremoto, tínhamos seis datas agendadas pela Índia e Nepal, dez dias antes do nosso embarque, houve o terremoto e três datas foram canceladas, devido a devastação nas cidades onde ocorreriam os shows. Acabamos fazendo as demais três datas, mas somente na Índia, e sem o Ragnarok.

TGZ - Como foi o convívio com o pessoal do Ragnarok? Eu os conheci e foram simpáticos e atenciosos comigo, ficamos conversando um pouco e eles gostam de dar atenção para as pessoas.

Edu Lane - Foi excelente o convívio com eles. Acabamos nos entrosando muito rápido, muito bem e nos tornando bons amigos. As duas bandas funcionam muito bem juntas e esperamos ter mais oportunidades de fazer turnês com eles.

TGZ - O álbum “Battalions of Hate” abre com a música “Pazuzu is here” e Pazuzu é um deus antigo sumério que era conhecido por trazer a estiagem, a fome e as pragas. O Morbid Angel fala desse deus em algumas músicas do clássico “Altar of madness” e o Behemoth também citou ele em suas músicas e outras bandas também. Porque a escolha de falar do Pazuzu e como surgiu esta idéia? Há alguma outra mitologia que a banda usou ou poderia usar em suas músicas?

Edu Lane - Nossa temática sempre contemplou ocultismo, satanismo, mitologia, guerra e a dura realidade do dia-a-dia. Assim como na parte musical navegamos livremente entre as diversas ramificações da música extrema, a nossa temática também abrange diversas ramificações do ocultismo, história e mitologia, por onde navegamos livremente. Pazuzu é uma peça importante nisso tudo, tanto que diversas bandas o mencionam e o homenageiam. Conosco não poderia ser diferente. A idéia surgiu com os filmes do Exorcista, e a partir daí começamos a ler e aprender mais sobre o assunto, que é fascinante. Também falamos de Judas, de Maha Kali e muito mais. 

TGZ - No “Battalions” tem o cover da música “Maggie” da banda punk Exploited. Por que o cover de uma banda punk e ainda mais do Exploited?

Edu Lane - No álbum “Battalions of Hate”, temos covers do VULCANO (“Legiões Satânicas”), SEPULTURA (“Funeral Rites”) e do THE EXPLOITED (“Maggie”). Nós curtimos e admiramos muito o trabalho do THE EXPLOITED na música extrema. Estamos livres das barreiras dos rótulos pré-estipulados e dos preconceitos dos dogmas que assolam a cena. Eles tem e sempre tiveram uma sonoridade extrema, são uma das primeiras bandas do estilo e estão na ativa até hoje. Só isso merece todo o nosso respeito.



TGZ - No CD “Live Rituals” tem a faixa que saiu há 10 anos no CD “Shakespeare´s Hamlet” lançado pela Die Hard e que contava resumidamente a história do herdeiro da coroa da Dinamarca. O Nervochaos juntamente com o Torture Squad foram as bandas Extremas escolhidas para participar do álbum juntamente nas partes de fúria do personagem. O que você achou dessa participação voltada para esta maneira de ver a obra e o que você lembra da época que o CD foi lançado, pois venderam milhares de cópias?

Edu Lane - O projeto foi muito legal, único e especial. Ter participado dele, para nós, foi um passo e um momento importante na carreira da banda. Não sei se venderam milhares de cópias como você menciona e é justamente por isso que resolvemos incluir essa música no álbum. E ainda a versão de “Turn Face” do BRUTAL TRUTH, que fizemos para o tributo a banda, lançado mais ou menos, na mesma época que o projeto "Hamlet". Assim os nossos fãs podem finalmente ter acesso a este material num lançamento exclusivo da banda.

TGZ - Fale um pouco das músicas que estão por sair no novo álbum do Nervochaos, pode ser? Comece falando sobre a música “Gospel of Judas”. Ela tem letra com temática anti-cristã?

Edu Lane - Sim, a temática da música “Gospel of Judas” é anti-cristã. É a respeito do evangelho de Judas, que foi descoberto recentemente por arqueólogos e cientistas. Nele fica claro que o traidor não foi Judas e toda essa imagem que a grande maioria conhece, é nada mais do que mais uma das manipulações do sistema católico/cristão. No novo álbum, há temas voltados para guerra e para questões do cotidiano também, mas como não poderia deixar de faltar, temos várias músicas com temática voltada para o ocultismo.  

TGZ - Muitas bandas de Metal Extremo e Black Metal ou até os fãs não são contra a pessoa de Jesus Cristo, mas do cristianismo por causa das igrejas que são instituições. Qual o pensamento teu a respeito sobre isso, tanto da pessoa como Jesus e das religiões em si?

Edu Lane - Sou contra qualquer tipo de religião organizada e não acredito na farsa judaico-cristã ou na bíblia. “O cristianismo é nada mais do que uma muleta invisível para os fracos que não conseguem lidar com a realidade da vida. A crença num maníaco crucificado é absurda e positivamente o maior perigo conhecido na sociedade.”

TGZ - Edu, como você vê o cenário do Heavy Metal hoje em dia num todo e como anda o entrosamento das bandas de Metal Extremo tanto aqui no Brasil quanto fora?

Edu Lane - Acho que o cenário passa por bons momentos, mas tudo isso é cíclico, onde há altos e baixos períodos. Com a globalização, a interação entre as bandas, produtores, imprensa e fãs, proliferou e ainda prolifera a cada dia. Novos mercados surgem e outros se saturam. A música extrema não conhece barreiras, mas não é uma música para as massas (ou o mainstream), e sim, para pessoas extremas, de bom gosto e que se negam a seguir o modismo imposto pela grande mídia e/ou pelas gravadoras. O entrosamento entre as bandas extremas é muito bom, mas como qualquer outra coisa na vida, nada é um ‘mar de rosas’ para sempre.   

TGZ - Você acha que no Brasil tem espaço para shows de bandas que fazem esse tipo de som? Dos shows que acontecem por aí com bandas nacionais o público vai em peso?

Edu Lane - Sim, eu NÃO acho, eu SEI que há espaço para as bandas que fazem música extrema no Brasil. Não é fácil e nem sempre conseguimos de primeira, mas os espaços estão sendo conquistados. O público também vem apoiando cada vez mais os eventos neste segmento e diria que é algo que jamais poderíamos imaginar alguns anos atrás. Poder tocar em lugares distantes, exóticos e sempre encontrar um bom público, dedicado e fiel a música extrema. Acho que isso diz e explica muito mais do que mil palavras. 


TGZ - Que bandas, pessoas e eventos mundiais você destaca hoje em dia que ajudam o Metal Extremo e o Heavy como um todo a crescer e prosperar?

Edu Lane - Atualmente existem diversos produtores, bandas e eventos que são importantes e fazem a cena acontecer. Acredito que todas essas pessoas tem um mesmo objetivo, que é fortalecer a cena, mantê-la viva e fazê-la evoluir. Na cena da música extrema, não há um líder ou um rei, é um trabalho em equipe, anônimo e para todos os apreciadores, cada um no seu papel, mas onde um depende do outro para que tudo aconteça. A concorrência saudável é bem-vinda e eleva o nível, pois existe respeito e muitas vezes amizade também. Todas as pessoas que amam a música extrema e tem esse pensamento sabem exatamente o que eu quero dizer. Não seria justo citar somente alguns nomes aqui.

TGZ - Vocês estão negociando com algum selo gringo para lançar os CDs da banda no mercado exterior? E por falar no exterior, como é o público lá de fora, principalmente da Asia, comparado com o Brasil?

Edu Lane - Estamos sempre abertos para licenciar o nosso material no exterior. Existem algumas negociações e espero em breve poder compartilhar com todos vocês. O público no exterior ou em qualquer lugar do mundo é mais ou menos similar. O grande elo entre todas as diferenças culturais, geográficas, financeiras e sociais; é a música extrema. São muitas nações, mas há somente um underground. Talvez a Índia possa parecer mais fanática, mas é pela falta de oportunidade em assistir shows ao vivo de bandas extremas e pelo pouco tempo de existência da cena por lá.

TGZ - Quais suas influência como baterista e músico?

Edu Lane - Como baterista admiro e me influencio pelo trabalho de vários músicos, que tocam em bandas de diferentes estilos. Posso citar alguns nomes como John Bonham, Neil Peart, Ian Paice, Cozy Powell, Dave Lombardo, Steve Smith, Charlie Benante, Pete Sandoval, Max Kolesne, Mitch Mitchell, Igor Cavalera e muitos outros mais. Como músico, eu procuro escutar música feita com sinceridade e originalidade, independente do rótulo/estilo. Cito alguns nomes como AC/DC, Agnostic Front, Black Sabbath, Sarcófago, Candlemass, Venom, Rush, Krisiun, Slayer, Mercyful Fate, Iron Maiden, Marduk, Suffocation, Gorgoroth, Cannibal Corpse, Judas Priest, Motorhead, Razor, Morbid Angel…


TGZ - Do teu ponto de vista, como o cenário undergroud pode melhorar ou que coisas poderiam ser feitas para ter mais interação entre fãs, bandas, produtores, publicações e comerciantes? Todo mundo fala em união, mas tirado união e honestidade por parte de todos, o que mais poderia ser feito?

Edu Lane - Acho que tudo na vida nós sempre podemos melhorar, evoluir, inovar, então essa é uma busca eterna mas que, não habita ou pertence, todas as pessoas da cena. São muitas nações/cenas, mas somente um underground!

TGZ - Você mora num bairro nobre de São Paulo e mesmo assim se dedica ao Metal Extremo, o que para muitos parece contradizer a tua condição social com o que implica ser um fã de Metal Extremo, pois pra muitos o headbanger de verdade tem pouca grana para ir em shows, comprar CD e merchandising e isso gera debates do que é e do que não é, ou do que pode e não pode. Você já ouviu ou leu muita bobagem a respeito disso qualificando o headbanger num determinado estereótipo? O que vejo é que há um preconceito invertido em que o headbanger mais pobre não acha que alguém “mais rico” seja headbanger de verdade, etc!

Edu Lane - Nunca antes tinha ouvido falar tamanha bobagem. Isto é totalmente sem sentido e sem fundamento. A música é algo espiritual e não material. Rico é aquele que gasta menos do que ganha. Além disso, você pode ser “mais rico” e evoluído espiritualmente ou um ser sem evolução, pobre de espírito. Eu acredito que, o que realmente importa, é a música ser de qualidade. Não importa a sua classe social, a sua raça ou a sua cultura; se a sua música for boa você será reconhecido. O que há, de fato, é a inveja, a falta de caráter, o espírito de porco, a mentira... Isso não é exclusividade dos headbangers ou de um fã de música extrema. Isso é a realidade que vivemos. Idiotas existem em qualquer lugar, em qualquer nível social, em qualquer raça e em especial, em qualquer cena.


TGZ - Em 2010 eu entrevistei o Toninho, presidente do fã-clube do Sepultura que citou você como um dos principais divulgadores do Metal Extremo no Brasil, que está dentro do tipo de Metal menos popular de todos. É muito difícil dedicar-se a algo que muitos não dão valor, mas tentando manter uma boa qualidade do que faz e ingressos com preços mais em conta do que bandas mais famosas que atraem um público maior?

Edu Lane - Não há dificuldade quando se ama o que se faz, quando você realmente tem um ideal. Eu amo o que faço, sou idealista e isso me dá forças para superar qualquer obstáculo. Como bom brasileiro, eu não desisto nunca. Eu simplesmente traço objetivos e trabalho, luto para atingí-los. Se eu não conseguir, por qualquer razão, terei a certeza que fiz o melhor e tudo que pude. O resto é história.   

TGZ - A Tumba Produções, antigamente chamada de Tumba Records tinha uma loja na Galeria do Rock e depois se mudou para a Avenida Paulista e hoje em dia não tem lugar físico. O que te levou a essas mudanças? No começo você queria estar mais próximo do pessoal que apreciava Black, Death e Grind na galeria e fazer o trampo crescer e criar um point pra esse estilo como hoje é a Mutilation na Galeria do Rock e a Extreme Noise na Galeria Nova Barão, ambas próximas uma da outra e no centro de São Paulo ou sua intenção era outra?

Edu Lane - A TUMBA surgiu em 96 com a proposta de movimentar a cena nacional em todos os sentidos. Comecei como distribuidora (pelo correio e posteriormente também com a loja), depois também passei a organizar/produzir shows/turnês. Ainda montei o selo, lançando somente bandas extremas nacionais. Acho que como loja, conseguimos ser pioneiros e incentivar o surgimento de outras lojas, distribuidoras e selos dedicados a música extrema nacional. Quando esse objetivo foi atingido, optei por encerrar a distribuidora e a loja. O selo ainda mantenho vivo, mas de forma underground e com lançamentos muito esporádicos. Assim consegui ter mais foco na produção/organização de shows/turnês no Brasil e pela América Latina. Atualmente já existem diversas produtoras trabalhando com bandas de música extrema no Brasil e mais uma vez estou próximo de atingir mais um objetivo. A proximidade com a cena existe e sempre existirá, não tenho motivos para agir de outra forma.

TGZ - A Tumba cresceu bastante e nos últimos 3 a 4 anos você realizou dezenas de shows, fora que no começo de Setembro do ano passado foi realizado com sucesso o décimo festival Setembro Negro com a volta de Belphegor ao Brazil para este show e o Morbid Angel como headliner! Qual o balanço que você faz de todos esses shows e cite quais shows você avalia como melhores ou mais intensos? Vale lembrar que você já trouxe Vader e Marduk para cá, entre tantos outros.

Edu Lane - Venho organizando shows e turnês para bandas desde 96. Já trabalhei com diversas bandas nacionais e internacionais, agendando shows e/ou turnês pela América Latina e é claro pelo Brasil. A cena vem crescendo bastante e isso é a colheita de boas sementes, semeadas e plantadas, alguns anos atrás. Como mencionei anteriormente, objetivos foram traçados, alguns já foram atingidos e outros ainda estão sendo perseguidos. Quando comecei, não havia produtores interessados em trabalhar com esse estilo de música no Brasil, então fiz a primeira turnê de diversas bandas como por exemplo Agnostic Front, Dismember, Cannibal Corpse, Marduk, Behemoth, Vader, WASP, Monstrosity, Dying Fetus, Deeds of Flesh, Disgorge e etc. Na época, tudo isso era novidade para o público e para a nossa cena. Depois de vários anos na estrada, batalhando, o curso natural das coisas é esse que vemos hoje. Novos produtores, bandas e selos dedicados verdadeiramente a música extrema. Eu fico muito contente e satisfeito com tudo isso. Todas as turnês ou shows são e foram especiais a sua maneira para mim.   

TGZ - Valeu pela entrevista e deixe uma mensagem ou opine sobre alguma coisa que quiser. Valeu aí, Edu!

Edu Lane - Eu é que agradeço pela oportunidade, pela entrevista e pelo espaço cedido a banda. Visitem o perfil da banda nas redes sociais ou acessem nervochaos.com.br - To The Death!!!!

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